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Informação da revista
Vol. 44. Núm. S2.
Páginas S568 (outubro 2022)
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Páginas S568 (outubro 2022)
Open Access
RELATO DE CASO LLA PRÉ-B CD19 NEGATIVO
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SHT Silvaa, FFS Zacchia, AVS Sousaa, YH Maekawaa, TTT Catelana, MCA Silvaa, CE Miguelb, AF Sandesa, MV Goncalvesa
a Grupo Fleury, Brasil
b Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, SP, Brasil
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Este artigo faz parte de:
Vol. 44. Núm S2
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Introdução

A leucemia linfoblástica aguda B (LLA-B), é uma neoplasia originária de células linfoides imaturas já comprometidas com a linhagem B, sendo o tipo mais comum de LLA tanto em adultos quanto em crianças. Nas LLAs, o exame de Imunofenotipagem é essencial para a definição da origem celular, se T ou B, para identificação de subtipos imunofenotípicose para a pesquisa de doença residual. Classicamente, a linhagem B é demonstrada pela expressão do CD19 associado na, à expressão de CD79a, CD10, CD22 (estes quase sempre positivos), CD20 e IgM (estes em proporções variáveis). Casos de LLA-B sem expressão do CD19 são extremamente raros e representam um grande desafio diagnóstico.

Objetivo

Descrever um caso com diagnóstico de LLA pré-B sem expressão de CD19.

Relato de caso

Paciente do sexo feminino, 55 anos, apresentando esplenomegalia, e com hemograma mostrando Hb = 9,6 g/dL, Leucócitos totais = 5.400/ mm3 (30% de células anômalas de aspecto linfoide) e plaquetas = 35.000/mm3. Foi realizado mielograma e imunofenotipagem para investigação da pancitopenia, mas o aspirado da medula mostrou-se de difícil execução, com relato de punção seca e hemodiluição. À morfologia, observou-se cerca de 40% de células de pequeno tamanho, alta relação núcleo citoplasma, cromatina frouxa a intermediária e sem grânulos, sugerindo linhagem linfoide. A imunofenotipagem (BD FACSLyric, 8 cores) utilizou os seguintes marcadores para estudo: MPO citop, CD79a citop, CD34, CD19, CD7, CD3, CD3 cit, CD45, TdT nuclear, CD81, CD10, CD38, CD20, IgM cit, CD58, CD22, CD66c, NG2, CD13, CD44. Foram positivos nas células neoplásicas: CD45 (moderada intensidade), TdT, HLA-DR, CD79a, CD10 (elevada intensidade), CD81, CD38, CD20 parcial, CD22, CD24, CD58 (baixa intensidade) e IgM (citoplasmático). Os demais marcadores foram negativos. Apesar da positividade para CD10, CD20 e CD79a, geralmente presentes em células B, o CD19 foi negativo tanto com o fluorocromo PE quanto o PE-Cy7. Para descartar leucemias raras, foram realizados marcadores para pesquisa de LMA e leucemia de células dendríticas (CD13, CD33, CD117, CD64, CD36, CD14, CD123), todos negativos, excluindo estas hipóteses. Por fim, para resolução clínica, a amostra foi encaminhada para o setor de anatomia patológica onde foi submetida à centrifugação e inclusão em agarose. Posteriormente, foram realizados cortes histológicos corados por hematoxilina/eosina e por imuno-histoquímica para os marcadores TdT, Pax5 e CD34, que demonstraram fraca positividade de TdT e Pax5 nas células de interesse. Os achados em agregados foram compatíveis com o diagnóstico de LLA pré-B CD19 negativo.

Discussão

Casos de LLA-B CD19-negativo ao diagnóstico são extremamente raros, compondo um enorme desafio ao laboratório uma vez que, a própria classificação da OMS traz a presença de CD19 como pilar de caracterização desta população. Casos de recaída de LLA-B sem CD19 após o uso de terapia alvo como blinatumumabe eventualmente são observados, mas o diagnóstico prévio de LLA-B traz mais segurança à análise. O uso de marcadores acessórios bem como a exclusão de outras linhagens e o estudo imuno-histoquímico podem ser fundamentais neste cenário.

Conclusão

Casos de LLA-B CD19 negativo são raros, desafiadores e podem ser melhor caracterizados pela abordagem multidisciplinar.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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