
Realizar relato de caso e revisão bibliográfica sobre histoplasmose disseminada em imunocompetente com desenvolvimento de síndrome hemofagocítica.
Material e métodosRevisão de prontuário de uma paciente com investigação de plaquetopenia severa e provas inflamatórias muito elevadas.
ResultadosPaciente, feminina, 46 anos, secretária do lar, admitida em hospital terciário do interior do Ceará com história de dor torácica posterior súbita com irradiação para lombar, associada a febre, mialgia de início há uma semana da admissão, que evoluiu com dispneia e tosse, sendo admitida com insuficiência respiratória, hipoxemia e plaquetopenia severa. Exames laboratoriais com evidência de provas inflamatórias elevadas e com critérios clínicos e laboratoriais para síndrome hemofagocítica, tendo realizado mielograma e confirmada hemofagocitose, além de achado de Histoplasma capsulatum. Sorologia para HIV não reagente. Paciente evoluiu com síndrome do desconforto respiratório agudo e necessidade de ventilação mecânica, extubada após 5 dias. Melhora do quadro hematológico mesmo antes do início da terapia com anfotericina B lipossomal. Devido melhora clínica das provas inflamatórias antes da conclusão do diagnóstico de síndrome hemofagocítica, optou-se por não realizar corticoterapia.
DiscussãoHistoplasmose disseminada é uma infecção fúngica sistêmica causada pelo Histoplasma capsulatum. Em pacientes imunocompetentes, essa condição é rara, mas pode ocorrer, principalmente em regiões endêmicas. A síndrome hemofagocítica (SH) é uma condição grave caracterizada pela hiperativação e proliferação de células do sistema imunológico, resultando em fagocitose descontrolada de células sanguíneas. Quando essas duas condições estão associadas, o quadro clínico se torna ainda mais complexo e grave. Em pacientes imunocompetentes, a histoplasmose disseminada pode se manifestar com febre, perda de peso, hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia. A SH pode ser desencadeada pela infecção fúngica devido à resposta imunológica intensa, levando a sintomas adicionais como pancitopenia, hepatite, coagulopatia e falência de múltiplos órgãos. O diagnóstico exige alta suspeita clínica, confirmada por exames laboratoriais específicos, como culturas, sorologia e biópsia. O tratamento envolve o uso de antifúngicos, como anfotericina B, e em alguns casos, imunossupressores para controlar a SH. A identificação precoce e o tratamento agressivo são cruciais para melhorar o prognóstico desses pacientes.
ConclusãoEste caso ilustra a complexidade e a gravidade potencial da histoplasmose disseminada mesmo em indivíduos sem imunodeficiências aparentes. A evolução para SH ressalta a importância de uma vigilância clínica rigorosa e de uma abordagem terapêutica rápida e adequada, incluindo o uso de antifúngicos e o manejo da SH, para melhorar as chances de recuperação.