Em tempos de COVID, casos clínicos senão do vírus são raridades. Descrevo, no entanto, um caso relacionado à pandemia, sem necessariamente estar relacionado ao vírus. Trata-se de AEAC 39 anos, natural e procedente de Jequitinhonha-MG, sem comorbidades conhecidas, sem uso de medicações. Iniciou há 20 dias dispneia e lombalgia progressivas, procurou UPA onde foi avaliado e descoberto volumoso derrame pleural à esquerda, o qual foi drenado, porém líquido não foi estudado. Além disso, foram solicitados exames gerais, incluindo sorologia para esquistossomose: 1:128 e imunofixação sérica IgM/Lambda, demais exames sem alterações. Diante disso na UPA foi feita hipótese diagnóstica de COVID e paciente foi alocado para transferência hospitalar. Paciente foi recebido em um hospital oncohematológico, que antes da pandemia era porta fechada para casos não oncohematológicos, e devido ao contexto atual abriu vagas exclusivamente para pacientes suspeitos de COVID. Paciente foi admitido estável e colocado em enfermaria conjunta com outro caso suspeito. Equipe de clínica médica ao ver história de imunofixação IgM/Lambda acionou hematologia e solicitou nova drenagem torácica, devido a recolecção em hemitórax esquerdo. Cirurgia torácica entretanto programou uma pleuroscopia com proposta também de biópsia pleural. Hemograma da admissão com anemia, Hb 11, sem outras alterações. Tomografias de estadiamento com grande derrame pleural esquerdo e massa retroperitoneal em contiguidade com pleura esquerda, aproximadamente 6 x 4 cm. Optado por realizar propedêutica medular devido a hipótese diagnóstica inicial de linfoma linfoplasmacítico, além de solicitar eletroforeses, imunofixação sérica e urinária, dosagem de IgA, IgM e IgG, sorologias, propedêutica para anemia. Mielograma revelou 28% de células de tamanho médio, citoplasma escasso com vacuolizações, núcleo com cromatina condensada e delicada, muito semelhante a linfócitos L3 (Burkitt), demais séries sem alterações. Imunofenotipagem de aspirado medular CD20 pos; CD19 pos; CD 3 neg; CD10 pos; Ig de superfície lambda, perfil compatível com LLA/Burkitt. Estudo anátomo patológico de pleura também revelou infiltração por células muito semelhantes aos linfócitos L3. Após diagnóstico de LLA/Burkitt paciente, mesmo com PCR para COVID negativo, foi mantido em isolado conforme protocolo local do hospital, porém alocado em quarto individual. Optado por iniciar protocolo GMALL logo após saída do isolamento.
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