
Relacionar mortalidade e faixa etária das internações por anemias não ferroprivas na Bahia, através de dados referentes à lista de morbidade CID 10 (CID 10 -098), no período de 2012 a 2021.
Material e métodosEstudo descritivo e retrospectivo, de análise quantitativa, cujos dados foram extraídos do Sistema de Morbidade Hospitalar (SIH-SUS) do Ministério da Saúde e tabulados em gráficos e tabelas no software Microsoft Excel 2019.
ResultadosEntre os anos de 2012 e 2021, notou-se uma discreta redução de 0,11% nas internações hospitalares por anemias não causadas por deficiência de ferro na Bahia, com 51160 internamentos nesse período. Entretanto, o número de internados com 40anos ou mais aumentou em 28%, destacando-se a faixa etária a partir dos 80 anos, enquanto os grupos com 39 anos ou menos apresentaram queda expressiva nas internações. Já o registro de óbitos elevou-se entre os adultos e idosos hospitalizados, com maior crescimento na faixa dos 60 a 69 anos (100%), que também sofreu a maior elevação da taxa de mortalidade, aumentando em 55%. O segundo maior crescimento se deu entre os hospitalizados com 40 a 49 anos, seguidos dos grupos etários entre 20 e 29anos e com mais de 80 anos. Estes idosos mais longevos, apesar de ter apresentado apenas a quarta maior elevação nesse indicador, atingiram a segunda maior taxa de mortalidade em 2021.
DiscussãoAs anemias englobam as morbidades que compartilham da redução patológica da concentração de hemoglobina, mas que divergem quanto às suasetiopatogenias e condutas preconizadas, o que determina impactos distintos sobre a qualidade de vida e sobrevida dos pacientes. Os dados coletados demonstram que, na Bahia, houve crescimento de internações de idosos anêmicos, excluindo os casos de anemia ferropriva, além de aumento importante da taxa de mortalidade entre aqueles com 60 a 69 anos e valores altos no grupo com 80 anos ou mais. Em consonância com a observação, estudos evidenciam que a anemia na população idosa é muito frequente e constitui fator de risco independente para maior mortalidade. Contudo, ainda que essas faixas etárias sejam as mais acometidas por óbitos, as taxas de mortalidade entre os jovens adultos e aqueles com idade entre 40 e 49 anos cresceram significativamente. Isso é possivelmente elucidado pelo impacto das anemias hereditárias nesses grupos, como a anemia falciforme, hemoglobinopatia mais comum no Brasil. A literatura relata que o pico de óbitos por esse agravo ocorre na terceira e quarta década de vida.
ConclusãoA população idosa representa o maior número de internações e possui a maior taxa de mortalidade. Porém, pessoas mais jovens (20-29 e 40-49 anos) também têm apresentado um aumento significativo em número de internações e taxa de mortalidade. Por esse motivo, se faz necessário o acompanhamento desses dados para compreender a natureza do aumento dos números entre jovens e adultos.