
Analisar as frequências de internação por anemia ferropriva entre adolescentes brasileiros e sua distribuição segundo variáveis demográficas e territoriais entre 2008 e 2021.
Material e métodosTrata-se de um estudo ecológico e descritivo. Foram utilizados dados do Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Informações de adolescentes (10-19 anos) internados devido anemia por deficiência de ferro entre 2008 e 2021. Essa variável principal foi categorizada segundo sexo, faixa de idade, cor/raça, unidade da federação e região geográfica de moradia. Todos os dados foram coletados utilizando o TABNET.
ResultadosNo período analisado, ocorreram 8375 internações de adolescentes decorrente de anemia por deficiência de ferro. Dentre esses, a maior parte tinha entre 15 e 19 anos (64,9%), eram do sexo feminino (70,3%), se autodeclaram pardos (38,9%), e eram moradores da região Nordeste (39,1%), dos estados de São Paulo (12,9%) e da Bahia (9,5%).
DiscussãoA anemia ferropriva é uma condição de impacto negativo sobre o desenvolvimento psicossocial das crianças e dos adolescentes. No Brasil, não existe um inquérito contínuo de avaliação da prevalência de anemia entre adolescentes. Diante disso, a internação por esse tipo de anemia pode ser utilizada como um marcador epidemiológico para identificação de áreas prioritárias e situações de maior risco para saúde do adolescente. O presente estudo identificou maior prevalência em adolescentes mais velhos e do sexo feminino, os quais costumam apresentar maior demanda pelas modificações corporais, maior consumo de ultraprocessados (pior fonte de ferro com melhor biodisponibilidade) e práticas alimentares restritivas. Além disso, sendo mais frequentes em regiões e estados da região Nordeste e Sudeste que possem bolsões de pobreza e insegurança alimentar.
ConclusãoAs internações por anemia ferropriva demonstram situações de maior gravidade, podendo indicar também maior acesso aos serviços de saúde. Verifica-se que no Brasil, esse agravo é desigualmente distribuído na população de adolescentes segundo aspectos demográficos e territórios. Porém, diante da ausência de dados para a vigilância da prevalência de anemia entre adolescentes brasileiro, o presente resultado é relevante para demonstrar a magnitude da anemia ferropriva nesse grupo etário considerando seu efeito psicossocial imediato e cumulativo, como dificuldade de aprendizagem e desenvolvimento pessoal.