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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S236-S237 (outubro 2024)
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RECONHECIMENTO E TRATAMENTO PRECOCE DE LINFO-HISTIOCITOSE HEMOFAGOCÍTICA: RELATO DE CASO
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JF Lopes, GG Heck, MJS Vasconcelos, ACB Bomfim, MM Dias, BL Souza, WWF Costa, MG Duarte, IR Barbosa, JA Paula
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP), Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
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HEMO 2024

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Introdução

A linfo-histiocitose hemofagocítica (HLH) consiste em uma síndrome clínica caracterizada por desbalanço imunológico com excesso de atividade de macrófagos e linfócitos T/NK. Pode estar associada a mutações genéticas relacionadas a função citotóxica ou ser secundária a quadros inflamatórios, infecciosos e neoplásicos. O diagnóstico se fundamenta na avaliação de critérios clínicos associados a marcadores laboratoriais inflamatórios. A HLH apresenta alta mortalidade, que pode ser piorada se o diagnóstico e tratamento não forem realizados prontamente.

Objetivo

Descrever o diagnóstico e manejo de linfo-histiocitose Hemofagocítica no serviço de Hematologia do HCFM/RP.

Materiais e métodos

Consulta a prontuário eletrônico.

Relato

Paciente do sexo feminino, 38 anos e procedente de Dumont-SP é admitida em Unidade de emergência. A admissão apresentava história clínica de um mês com febre aferida > 39°C, associada a queda do estado geral e perda ponderal de 4 kg. Em avaliação laboratorial apresentava bicitopenia (HB 8.8 g/dL Leucócitos 1900 10*3/μL, neutrófilos segmentados 700 10*3/μL, Linfócitos 1100 10*3/μL Plaquetas 154000 10*3/μL) e hiperferritinemia (10368 ng/mL), sendo assim solicitada avaliação da Hematologia. Além disso, a paciente apresentava também hipertrigliceridemia, elevação de transaminases hepáticas, hiperfibrinogemia e hepatomegalia. Após afastadas causas infecciosas foi realizado mielograma que evidenciou numerosas figuras de hemofagocitose e foi aventada hipótese de HLH, com HLH score de 248 pontos (Probabilidade 99%). Paciente foi submetida a investigação de etiológica com painel infeccioso, pesquisa de neoplasias e quadro reumatológico. Apresentou resultados negativos para CMV, EBV, HBV, HCV, HIV, Arboviroses e Leishmania. Não foram evidenciadas tumorações ou linfonodomegalias em exames de imagem, além de rastreamento negativo para neoplasias de mama, colo uterino, gástrica e de colón. Visto gravidade do quadro clínico e piora progressiva foi iniciado o tratamento com protocolo HLH 94. Paciente apresentava febre diária desde a admissão hospitalar com temperaturas aferidas em > 38.5°C e evoluiu com resolução de febre em 48 horas e melhora clínica importante após início de tratamento.

Discussão

A HLH é uma condição clínica rara e de difícil diagnóstico visto a inespecificidade de sintomas e alterações laboratoriais. Deve ser tratada precocemente visto a alta mortalidade na ausência de tratamento. No caso em questão foi iniciado o protocolo HLH 94 assim que reconhecido o diagnóstico, seis dias após admissão hospitalar, mesmo antes de etiologia definida, visto deterioração clínica importante. Após início de protocolo, baseado em dexametasona e etoposídeo, a paciente apresentou melhora clínica e laboratorial progressiva, com alta hospitalar em 10 dias e término de tratamento ambulatorial. Durante o seguimento foi disponibilizado laudo de biópsia de medula óssea com possível infiltração por neoplasia linfoproliferativa T e assim pausado protocolo HLH 94 para tratamento específico.

Conclusão

Visto a raridade da HLH não há ensaios clínicos em adultos determinando tratamento e o mesmo é baseado principalmente no estudo prospectivo pediátrico HLH 94. O diagnóstico deve ser prontamente aventado em caso de síndromes febris associadas a citopenias e hiperferritininemia e o tratamento precoce é fundamental para redução de mortalidade.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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