
A mortalidade por neoplasias hematológicas, embora menos prevalente que outras formas de câncer, apresenta padrões específicos que refletem disparidades regionais e demográficas significativas. Estudos recentes têm destacado a importância de compreender essas variações para aprimorar estratégias de diagnóstico, tratamento e políticas de saúde. Este estudo tem como objetivo investigar as taxas de mortalidade por neoplasias hematológicas e sua evolução ao longo dos últimos cinco anos.
Materiais e métodosEstudo epidemiológico, descritivo, do número de mortes e da mortalidade por neoplasias hematológicas, no Brasil, durante o período de janeiro de 2019 a dezembro de 2023. Os números de óbitos e a mortalidade foram obtidos no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) segundo a lista de morbidade do CID-10.
ResultadosA taxa de mortalidade por neoplasias hematológicas em 2019 foi de 7,95, em 2020 de 7,4, em 2021 de 7,01, em 2022 de 6,98 e em 2023 de 6,96, representando 7,14% dos óbitos por neoplasias no país. No período analisado, ocorreram um total de 25,672 mortes decorrentes de neoplasias sanguíneas. A população negra e a feminina foram identificadas como as mais afetadas, com a região Sul apresentando as maiores taxas de mortalidade e o Centro-Oeste as menores. As taxas de mortalidade aumentaram com a idade, com um incremento de aproximadamente 23% na faixa etária de 40 a 49 anos comparada à faixa de 30 a 39 anos. O Linfoma não-Hodgkin foi a neoplasia hematológica com a maior taxa de mortalidade, com as regiões Norte e Nordeste apresentando as alíquotas mais elevadas para esse tipo de câncer.
DiscussãoOs dados indicam que a população negra e feminina enfrenta uma carga desproporcionalmente alta de mortalidade por neoplasias hematológicas, possivelmente refletindo desigualdades no acesso a cuidados de saúde e tratamento. A redução nas taxas de mortalidade poderia ser atribuída a avanços nos tratamentos, embora a possibilidade de aumento na subnotificação também deva ser considerada. A elevação das taxas de mortalidade com a idade ressalta a necessidade de estratégias de diagnóstico e tratamento mais eficazes para as faixas etárias mais avançadas. A prevalência do Linfoma não-Hodgkin como a neoplasia hematológica mais letal e suas altas taxas de mortalidade nas regiões Norte e Nordeste destacam a necessidade de uma atenção específica para essas regiões.
ConclusãoO estudo revela padrões importantes na mortalidade por neoplasias hematológicas no Brasil, com implicações significativas para estratégias de saúde pública. As disparidades regionais e demográficas sublinham a necessidade de abordagens direcionadas para melhorar o diagnóstico e tratamento das neoplasias hematológicas, especialmente para as populações e regiões mais vulneráveis.