
Descrever as reações adversas associadas a coletas de células mononucleares encontradas, a fim de monitorar o perfil de intercorrências no serviço de hemoterapia e planejar intervenções precoces, mitigando riscos.
Material e métodosOs dados foram obtidos através da planilha de registro dos procedimentos de aférese. A descrição das intercorrências foi extraída do sistema de gerenciamento da qualidade utilizado neste serviço.
Critérios de exclusãoReações adversas leves esperadas a infusão citrato e a mobilização em que não houve necessidade de administração de medicação não planejada e/ou avaliação médica.
ResultadosNo período entre janeiro de 2020 a dezembro de 2023 foram realizadas 609 coletas de células mononucleares: 457 coletas autólogas, 128 coletas alogênicas, 14 coletas para CAR-T e 10 coletas para DLI (Donor Lymphocyte Infusion). Foram utilizados dois equipamentos, sendo 585 procedimentos na Spectra Optia® e 24 na Cobe Spectra®. A solução anticoagulante utilizada foi o citrato de sódio e os métodos de mobilização utilizados incluíram fator estimulador de granulócitos (G-CSF), plerixafor ou quimioterapia. As coletas foram realizadas via acesso venoso periférico ou central. Foram observadas 28 intercorrências em 26 procedimentos. Das intercorrências, 15 (53,5%) foram relacionadas ao acesso venoso, 6 (21,4%) à mobilização, 03 (10,7%) episódios de hipotensão arterial, 02 (7,2%) à toxicidade pelo citrato, 01 (3,6%) episódio de hipertensão arterial e 01 (3,6%) coagulação do circuito. As intercorrências associadas ao acesso venoso foram: fluxo insuficiente do cateter (06), hematoma/sangramento (07) e acidente de punção (02). As reações adversas foram listadas e classificadas quanto à gravidade, sendo 16 (57,2%) leves, 10 (35,7%) moderadas e 02 (7,1%) graves.
DiscussãoFoi observada uma incidência de 4,59% de intercorrências no levantamento dos dados das coletas de células mononucleares ocorridas entre 2020 e 2023. Em sua maioria, foram consideradas reações leves e associadas a punção venosa profunda. Das 28 intercorrências, 04 resultaram em interrupção de procedimento: 01 tetania secundária a toxicidade ao citrato, 01 coagulação do circuito e 02 fluxos insuficientes no cateter. Apesar da interrupção da aférese, apenas em 01 caso foi necessário um segundo dia de coleta. A análise dos eventos adversos não evidenciou necessidade de ajustes nos processos internos que os mitigassem.
ConclusãoEste trabalho teve como objetivo, levantar dados dos últimos 4 anos do serviço de hemoterapia a fim de analisar o perfil de reações adversas nas coletas periféricas de células mononucleares. Eventos adversos graves são raros e a interrupção da coleta em decorrência dos mesmos é incomum. Portanto, a coleta de células mononucleares periférica é um procedimento relativamente seguro e é uma etapa essencial no transplante de células tronco hematopoiéticas.