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Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 943
Acesso de texto completo
QUIMIOCINA CXCL10 COMO BIOMARCADOR DE MONITORIZAÇÃO CLÍNICA E LABORATORIAL DO ALOENXERTO RENAL
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LN Santos, LV Alves, SR Martins, CG Rodrigues Silva, KP Farah, AP Sabino, CAS Menezes, APL Mota
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
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Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

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Introdução

A monitorização de pacientes após o transplante renal é fundamental para preservar a estabilidade do enxerto e assegurar sua sobrevida a longo prazo. Nesse cenário, há uma demanda crescente por biomarcadores sensíveis e específicos, capazes de detectar precocemente as disfunções do enxerto e, assim, aprimorar o manejo clínico. Dentre os candidatos promissores, destaca-se a quimiocina CXCL10 (ligante 10 da quimiocina CXC), conhecida por sua ação pró-inflamatória. Essa molécula participa ativamente do recrutamento de células T com perfil Th1, favorecendo a infiltração de leucócitos e contribuindo para o desenvolvimento de lesão renal aguda.

Objetivo

Este estudo teve como objetivo investigar o potencial da quimiocina CXCL10 como biomarcador de disfunção do aloenxerto renal, bem como sua capacidade de prever desfechos clínicos desfavoráveis em pacientes submetidos ao transplante de rim.

Material e método

Foram analisados marcadores inflamatórios em 69 pacientes submetidos ao transplante renal, com o objetivo de correlacionar os achados laboratoriais à função do enxerto e à evolução clínica. Os pacientes foram classificados com base no ritmo de filtração glomerular estimado (RFGe), sendo o grupo R1 composto por indivíduos com RFGe < 60 mL/min/1,73 m². Também foram categorizados de acordo com a ocorrência de desfechos clínicos desfavoráveis, definidos como: redução superior a 30% no RFGe, retorno à diálise, episódio de rejeição ou necessidade de retransplante. As concentrações séricas de CXCL10 foram determinadas por ELISA, utilizando-se o kit Human IP-10 (CXCL10) Mini TMB ELISA Kit.

Resultados

Pacientes do grupo R1 apresentaram níveis significativamente mais elevados de CXCL10 em comparação àqueles com RFGe≥ 60 mL/min/1,73 m² (p = 0,037). De forma semelhante, indivíduos que evoluíram para algum dos desfechos desfavoráveis também apresentaram aumento nas concentrações de CXCL10 (p = 0,024), em relação aos pacientes com evolução clínica estável. A análise da curva ROC indicou que a CXCL10 é capaz de diferenciar pacientes com e sem declínio da função renal, sendo o ponto de corte ideal 35 pg/mL, com sensibilidade de 60% e especificidade de 75%. Além disso, as concentrações de CXCL10 apresentaram correlação positiva com os níveis de creatinina sérica e com outros biomarcadores inflamatórios analisados, como o MCP-1/CCL2 e a IL-10.

Discussão e conclusão

A quimiocina CXCL10 demonstrou bom desempenho na distinção entre pacientes com prognósticos favoráveis e desfavoráveis. Esses achados reforçam o papel promissor da CXCL10 como biomarcador no monitoramento clínico e laboratorial de pacientes transplantados renais, especialmente na previsão da deterioração do enxerto a médio e longo prazos. Tal relevância é ainda maior diante das limitações dos marcadores tradicionais, como creatinina e proteinúria, que muitas vezes não detectam precocemente alterações associadas à rejeição ou perda do enxerto. Conclui-se que os níveis plasmáticos de CXCL10, mensuráveis tanto no sangue quanto na urina, representam uma alternativa promissora para a monitorização clínica e prognóstica de pacientes transplantados renais, viabilizando abordagens terapêuticas mais personalizadas e seguras. No entanto, é fundamental a realização de estudos futuros com amostras maiores e populações mais diversas, a fim de consolidar o conhecimento atual e avaliar a aplicabilidade clínica e laboratorial do biomarcador em diferentes contextos.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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