A hemoterapia desempenha papel fundamental no tratamento de diversas doenças como anemias, hemorragias e outras complicações crônicas que exigem a transfusão sanguínea como abordagem terapêutica. No entanto, no Brasil a hemoterapia enfrenta diversos desafios estruturais, agravados pela sazonalidade das doações e pela baixa adesão de voluntários, o que compromete inúmeros procedimentos hemoterápicos essenciais realizados nas instituições de saúde. No Amazonas, que abriga o maior centro de hemoterapia da Região Norte, a Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (FHEMOAM), estratégias para a manutenção dos estoques, como ações voluntárias, tornam-se essenciais para a manutenção do estoque sanguíneo, a fim de garantir o funcionamento pleno da instituição. O projeto “Junho Vermelho” realizado por alunos do curso de Biomedicina surge como uma estratégia altruísta, valorizando o compromisso coletivo com a saúde pública. Ademais, contribuir na ampliação do volume de doadores e, consequentemente, estabilizar os estoques de hemocomponentes da Fundação.

O objetivo desta pesquisa qualitativa de intervenção pautou-se em avaliar os resultados de uma ação de doação de sangue realizada por alunos do curso de Biomedicina do Centro Universitário FAMETRO, visando fortalecer a hemoterapia regional e atrair doadores.

A campanha “Junho Vermelho: mês de conscientização para a doação de sangue” foi organizada com base nas diretrizes técnicas da Portaria n° 158, de 4 de fevereiro de 2016, e desenvolvida em parceria com a Fundação HEMOAM. Os estudantes do curso de Biomedicina receberam capacitação teórica sobre conceitos de critérios de inaptidão, segurança transfusional e processamento de hemocomponentes, a fim de conduzir o processo de recrutamento de doadores. Foram implementadas estratégias de mobilização para alcançar potenciais doadores por meio de entrevistas com o público interno e externo, bem como ações em redes sociais.

A ação, realizada em apenas dois dias (4 e 5 de junho de 2024), mobilizou um total de 150 doadores, dos quais 100 foram considerados aptos a partir de critérios estabelecidos pela Fundação HEMOAM, com potencial para atender cerca de 400 pacientes, considerando o fracionamento dos hemocomponentes (hemácias, plasma, plaquetas e crioprecipitado). Além do alcance numérico refletido na significativa adesão da comunidade acadêmica, houve também melhoria na percepção crítica dos estudantes em relação aos fluxos envolvidos na área, destacando o conhecimento adquirido acerca dos processos que envolvem a hemoterapia, como produção, armazenamento e distribuição dos produtos sanguíneos.

Portanto, estratégias educativas com embasamento técnico-científico, quando incorporadas a intervenções práticas supervisionadas, demonstram capacidade de gerar impactos significativos na manutenção e ampliação dos serviços hemoterápicos da Fundação HEMOAM. A ação apresentou resultados quantitativos positivos e relevantes na coleta de bolsas de sangue, evidenciando a eficácia da mobilização acadêmica na captação de doadores e melhora nos estoques sanguíneos da Fundação. Além disso, a atividade proporcionou uma experiência enriquecedora para a formação de futuros profissionais da saúde, integrando teoria e prática e fortalecendo competências técnicas e sociais relacionadas à ação voluntária, demonstrando o potencial da educação transfusional como estratégia para enfrentar a escassez de doadores.