
Os vírus linfotrópicos de células T humanas (HTLV) do tipo 1 e 2 são retrovírus complexos e podem ser associados a neoplasias e neuropatologias. Estima-se que no mundo possa existir mais de 20 milhões de indivíduos infectados pelo HTLV, embora a maioria sejam portadores assintomáticos. Nesse sentido, torna-se importante estimar a prevalência do HTLV-1/2 na população, descrevendo o número de casos, contaminação e abrangência de indivíduos infectados.
ObjetivoDessa forma, o estudo buscou realizar um levantamento da prevalência do HTLV-1/2 em doadores de sangue de um hemocentro de referência do Amazonas.
Material e métodosTrata-se de um estudo observacional descritivo e transversal, realizado na Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (HEMOAM). A população de estudo foi constituída por candidatos à doação de sangue com sorologia positiva para HTLV através do método de quimioluminescência, no período de janeiro de 2020 a dezembro de 2021. Os dados sociodemográficos e laboratoriais foram obtidos a partir do sistema Hemosys. As informações coletadas estão demonstradas em números absolutos e percentuais, de acordo com cada variável analisada.
ResultadosA prevalência do vírus HTLV na população de candidatos à doação de sangue foi de 0,11% (62/53.974) no ano de 2020 e de 0,12% (73/57.338) no ano de 2021. Dentre os dados coletados, a faixa etária dos candidatos com sorologia positiva variou entre 18-60 anos, com média de 31 (IQR=25-42). No ano de 2020 o sexo feminino foi o mais reativo ao HTLV-1/2 na população estudada, com 54,83% (n=34), enquanto no ano de 2021 o sexo masculino representou 57,53% (n=42). Em sua maioria eram provenientes da capital (Manaus), representando 91,1%, seguido dos demais municípios do Amazonas.
DiscussãoEstudo realizado no Amazonas, no ano de 2017, identificou 0,13% de soroprevalência do HTLV-1/2 em uma população de 87.402 indivíduos positivos através do método de ELISA como triagem inicial para o vírus, exibindo uma baixa prevalência quando comparado a outros estados do Norte como Amapá com 0,71% e Pará com 0,91%, corroborando com os resultados encontrados no atual estudo apesar da diferença de métodos diagnósticos. Estimasse que esses dados possam ser maiores do que as publicações existentes, visto que a maioria dos hospitais não discutem ou abordam a pesquisa do vírus com a devida importância, tornando a frequência dos casos detectados subestimada entre os indivíduos infectados.
ConclusãoAssim, o presente estudo contribui para estimativas da infecção pelo HTLV-1/2 em candidatos à doação de sangue e esses dados podem refletir, mesmo que parcialmente, a prevalência desse vírus na população do Amazonas.