HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO traço falciforme no Brasil é uma condição genética comum, onde estima-se que cerca de 2 milhões de brasileiros sejam portadores, caracterizado pela presença de um gene defeituoso para a hemoglobina, mas sem sintomas clínicos como a doença falciforme. O diagnóstico do traço falciforme é importante para o aconselhamento genético, permitindo que os indivíduos tomem decisões sobre a reprodução visto que pode vir a ter um filho com a doença falciforme, doença hereditária de maior prevalência no mundo e com uma clínica relevante.
ObjetivosIdentificar a prevalência de traço falcêmico no processo de triagem de doadores de sangue no período de 2015 a 2024.
Material e métodosEste foi um estudo de caráter analítico e descritivo, no qual foi realizada a análise quantitativa e qualitativa dos dados de 253.346 doações testadas, entre os anos de 2015 e 2024, onde foi realizado o teste para doença falciforme e análise de parâmetros como sexo, idade e raça.
ResultadosDentre as amostras consideradas, 6824 apresentaram traço falciforme (3,16%), sendo maior em 2017 (3,48%) e menor em 2022 (2,77%), sendo 3,01% em 2024. Das amostras positivas, 4658 (68,26%) foram de indivíduos do sexo masculino e 2166 (31,74%) do sexo feminino. Quanto a idade, 2730 (40,01%) pessoas tinham idade até 30 anos, 3568 (52,29%) tinham entre 30 e 50 anos e 526 (7,71%) entre 50 e 70 anos. Quanto à raça, os autodeclarados mestiços foram o grupo mais numeroso, com 4654 pessoas (68,20%), seguido dos doadores autodeclarados negros, com 1111 pessoas (16,28%) e caucasianos, com 646 pessoas (9,47%). As demais raças somam 6,05%.
DiscussãoCom base nos dados, nota-se que a prevalência de traço falciforme encontrada foi de 3,16%, maior que a média brasileira de 2,1%. Já em comparação a outro estado do Nordeste, o Piauí, o percentual aproxima-se mais, onde a prevalência neste estado em doadores foi de 3,9%, em um estudo feito por Soares et al. Já em comparação com a região Centro-Oeste de Minas Gerais foi maior, pois nesta região a prevalência foi de 2,2%. Foi observada também neste estudo uma constância na positividade ao longo dos 10 anos. Em relação ao sexo do doador, foi encontrada uma maior prevalência masculina, em virtude da maior quantidade de doações nesse grupo (66,20% dos doadores), uma vez que o traço falciforme não está ligado ao sexo. Em relação à raça, os resultados acompanham os estudos de Pinto et al, em Minas Gerais, onde 69,3% dos doadores com traço falciforme se autodeclararam pardos ou negros, bem como a faixa etária majoritária do mesmo estudo, que também concordam com os nossos, foi de indivíduos com menos de 40 anos (74,9%).
Conclusãoconclui-se que a presença de traço falciforme em Sergipe mantém-se constante ao longo de 10 anos, acompanha a tendência regional e é maior que a média nacional, demonstrando resultados semelhantes em relação à presença do traço falciforme na população quanto a distribuição por idade e raça.




