Introdução: No Brasil no ano de 2018, haviam mais de 900 mil pessoas vivendo com HIV. O HIV é um retrovírus que ataca o sistema imunológico do hospedeiro, principalmente os linfócitos T citotóxicos (LTCs, células T CD8+), e linfócitos T helper (CD4+), embora outras células possam estar envolvidas. O tratamento clínico utiliza combinação de medicamentos que predispõe o paciente a doenças ou reações adversas, como a supressão da medula óssea e/ou anemia hemolítica. A prevalência de anemia em pessoas vivendo com HIV pode ter uma grande variação (20% a 80%) dependendo de diversos fatores: progressão da infecção, terapia antirretroviral utilizada, presença de doenças definidoras da AIDS. Objetivo: Descrever a prevalência de anemia em pessoas vivendo com HIV do Centro-Oeste de Minas Gerais atendidas no Serviço de Atendimento Especializado (SAE) de Divinópolis/MG. Método: Estudo transversal com 578 pessoas vivendo com HIV atendidos pelo SAE de Divinópolis/MG no ano de 2019. Foram coletados os dados sociodemográficos e resultados do hemograma mais recente. A caracterização da anemia foi realizada seguindo os critérios da OMS, utilizando o valor da hemoglobina (Hb): < 13,0 g/dl para homens e < 12,0 g/dl para mulheres não gestantes. Resultados: Dentre os 578 pacientes, 362 eram do sexo masculino (62,6%). A média de idade foi de 44±13 anos (idade mínima 18 anos e máxima 84 anos). A prevalência de anemia foi de 13,15% (n=76). Ao estratificar por sexo: sexo feminino foi maior (16,67%, n=36), com hemoglobina entre 8,1 g/dl a 11,97 g/dl; e no sexo masculino 11,05% (n=40), com hemoglobina entre 6,6 g/dl a 12,9 g/dl (p=0,053). Em relação à faixa etária: maior prevalência nas mulheres entre 18 e 49 anos 17,8% (n=23), no sexo masculino na mesma faixa etária foi de 8,7% (n=22) (p=0,009). A terapia antirretroviral com maior frequência entre os pacientes com anemia foi a associação de tenofovir, lamivudina, efavirenz 30,26% (n=23), seguido por tenofovir, lamivudina, dolutegravir 17,1% (n=13). Já em relação ao tempo de diagnóstico, não houve diferença entre os pacientes com menos de 5 anos do diagnóstico 44,74% (n=34), e os pacientes com mais de 10 anos de infecção 28,95% (n=22) (p=0,49). Discussão: Os resultados desta pesquisa corroboram com resultados encontrados na literatura, onde a prevalência de anemia em pessoas vivendo com HIV vem diminuindo ao longo dos anos. Acredita-se que esse fato ocorre devido a substituição de esquema terapêutico, com redução do uso da zidovudina, que pode induzir a anemia como reação adversa. Além disso, o estudo apresenta singularidade quando comparado com outros, pois apresenta frequência reduzida no uso de zidovudina. A prevalência de anemia foi maior no sexo feminino na faixa etária de 18 a 49 anos, resultado este compatível com outros estudos, e que pode ser atribuído as perdas sanguíneas do período menstrual. Conclusão: A baixa prevalência de anemia nos pacientes estudados é uma informação relevante visto que esse distúrbio tem sido associado à piora da condição clínica e está relacionada ao risco aumentado de óbitos em pacientes infectados pelo HIV. Diante da relevância da anemia neste contexto, mais estudos devem investigar esta associação para prevenir e tratar as anemias nas pessoas que vivem com HIV.
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