
Identificar a prevalencia de reacoes transfusionais (RTs) notificadas no Hospital das Clinicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE) no periodo de 01 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2020.
Material e métodosTrata-se de um estudo retrospectivo observacional, transversal e descritivo, cujos dados foram obtidos da Unidade de Hemoterapia do HC-UFPE atraves do levantamento de 134 fichas de incidentes transfusionais (FITs) do periodo de 01 de janeiro de 2015 a 31 de dezembro de 2020. Houve aprovacao pelo Comite de Etica. Os instrumentos de coleta de dados incluiram a avaliacao das FITs, dos dados do NOTIVISA e da planilha de transfusoes mensais da propria Agência Transfusional. A populacao do estudo incluiu todos os pacientes que apresentaram reacao transfusional adequadamente notificada no HC-UFPE no periodo supracitado. As estatisticas descritivas das variaveis quantitativas foram expressas atraves de media e mediana enquanto as variaveis qualitativas atraves de suas respectivas frequencias absoluta e relativa.
ResultadosNo periodo de 2015 a 2020, o HC-UFPE notificou um total de 134 RTs, correspondendo a 0,40% do total de transfusoes no periodo (134/33.282). A media de idade dos 134 pacientes estudados foi de 47,3 anos, com mediana de 48 anos e 68% pertencia ao sexo feminino, sendo a maioria das RTs classificadas como Imediatas 98,5% e Leves 85%. O hemocomponente mais associado com as RTs foi o Concentrado de Hemacias representando 74,6%. O tipo de reacao mais notificada foi a Reacao Febril Nao Hemolitica (RFNH) representando 51,5% dos casos e em segundo lugar, as Alergicas (ALG) com 28,4%. Dos pacientes que apresentaram RT, 64,9% ja haviam recebido pelo menos uma transfusao previa e 17,9% ja haviam apresentado pelo menos uma RT previa.
DiscussãoNo Brasil, pode-se observar um predominio das reacoes imediatas em percentuais superiores a 97%, ja no HC-UFPE foi observado padrão semelhante, de 98,51%. Nao se pode afastar, no entanto, a possibilidade de subnotificacao de reacoes tardias, como de doencas transmissiveis, ja que muitas vezes o diagnostico vem a ser realizado anos depois da transfusão, sendo dificil correlaciona-la como evento causador. Com relacao ao hemocomponente relacionado, o relatorio consolidado da ANVISA concluiu que o o Concentrado de Hemacias (CH) foi o mais associado as RTs notificadas, representando uma frequencia relativa que varia de 67,7% a 71,1% de 2007 a 2015, dado que corrobora o que foi encontrado no HC-UFPE onde 74,63% das RTs estiveram relacionadas a transfusao de CH. Dentre os tipos de reacoes mais prevalentes do ponto de vista nacional, vem em primeiro lugar as RFNH seguido das ALG, com taxas medias para o periodo de 49% e 37,3%, respectivamente, semelhante ao que foi descrito no HC-UFPE. Foi constatada tambem a predominancia da notificacao das reacoes Leves, tanto no Brasil, quanto no HC-UFPE com uma frequencia media de cerca de 80% e 85,07% respectivamente.
ConclusãoUma prevalencia de 0,4% de RTs foi encontrada no estudo. O uso racional dos hemocomponentes deve ser uma acao de conhecimento geral, nao so do medico hemoterapeuta, mas de todos profissionais que lidam diretamente com a assistencia. Este estudo disponibilizou informacoes sobre os eventos adversos relacionados a hemotransfusao, o que pode permitir uma maior conscientizacao por parte da equipe e melhorar a seguranca do paciente.