
Analisar e descrever a distribuição epidemiológica dos Transplantes de Medula Óssea (TMO) na Região Centro-Oeste (CO), de 2013 a 2022, com a proposta de identificar padrões e desigualdades dentro da região e em comparação às demais para entender melhor possíveis dificuldades locais e estabelecer estratégias de melhorias e facilitadores para a sua realização.
Materiais e métodosFoi efetuado um estudo transversal, retrospectivo, analisando os dados quantitativos, referentes aos TMO realizados na região Centro-Oeste, no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2022. Utilizou-se a base de dados do Sistema Nacional de Transplantes para acesso das informações detalhadas dos transplantes realizados e suas quantidades.
ResultadosOs transplantes, na região CO, variaram de 55 em 2013 a 200 em 2022, com um total de 1285, sendo a quarta em número de transplantes em comparação às outras regiões, representando apenas 4,78%. A unidade da federação com o maior número de transplantes da região foi o Distrito Federal (68,2%), seguido de Goiás (31,8%). Os estados Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não fizeram nenhum tipo de transplante. Foram realizados TMO autólogos, alogênicos aparentados e alogênicos não aparentados, respectivamente: Distrito Federal - 693, 143, 41 e Goiás - 316, 92, 0.
DiscussãoDentre os três estados e o Distrito Federal, 50% não possuem Centro de Tratamento para TMO, sendo eles o Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Isso obriga os pacientes a se deslocarem para outros estados, a fim de realizarem os tratamentos. Em relação às possíveis causas, pode-se mencionar a diferença de médicos hematologistas entre os estados, sendo que o Distrito Federal - o qual realizou mais Transplantes de Células Troncos Hematopoiéticas (TCTH) no Brasil por milhão de população em 2022- possui um número de profissionais maior em comparação ao Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Nota-se também que o Distrito Federal possui dez centros especializados no TCTH, fator facilitador para o atendimento. Outro fator reside em determinantes geográficos, sendo que a capital do país está no Distrito Federal, contribuindo para o destino de recursos materiais e humanos, dificultando a criação de novos Centros de Tratamento em outros estados.
ConclusãoO TMO é uma ferramenta terapêutica de fundamental importância para várias patologias, por vezes a única chance de cura para os pacientes que necessitam. Apesar disso, após a análise comparativa, foi possível observar não só uma significativa inferioridade entre CO e as outras regiões do país, quanto uma grande disparidade entre as confederações da própria região. Para que a redução da iniquidade regional seja alcançada, há urgência do direcionamento de investimentos e profissionais aptos a realizar o TMO para os estados do CO que ainda não o realizam.