
A sangria terapêutica é uma modalidade de tratamento que consiste na retirada de determinado volume de sangue do paciente, com objetivo de diminuir a quantidade de hemácias, de ferro ou metabólitos tóxicos em excesso na circulação. Dentre as principais indicações: Policitemias primárias ou secundárias, Porfiria cutânea Tarda, hemoglobinopatias, hemocromatose primária ou secundária.
ObjetivosEste estudo teve como objetivo identificar o perfil e as patologias dos pacientes submetidos à sangria terapêuticas pelo Banco de Sangue de Ribeirão Preto (Grupo GSH) nos últimos 3 anos.
Material e métodosAvaliação retrospectiva de 1117 pacientes submetidos à sangria terapêutica no período de janeiro de 2019 à dezembro de 2021. Os dados analisados foram idade, sexo, indicação clínica e a especialidade do médico prescritor.
ResultadosNo período de 3 anos foram realizadas 1117 sangrias terapêuticas: 344 em 2019, 313 em 2021 e 458 em 2021. Dos resultados tivemos uma predominância do sexo masculino (86%) e uma redução significativa de 17% nos pacientes com mais de 60 anos entre 2019 a 2021. Já a faixa de 40 a 50 anos e de 30 a 40 anos tivemos um aumento de 11 % e 12%, respectivamente. Nas indicações clínicas, a hemocromatose (média de 65%) foi a mais frequente, seguido por poliglobulias (17%) e hemocromatose hereditária (este houve um aumento de 5 % em 2021 relação aos anos anteriores). Em 2019 não tivemos nenhum procedimento em decorrência a policitemia secundária a uso fármacos ou testosterona, porém no ano de 2020 foram realizados 3 e em 2021 tivemos 11 sangrias com essa indicação clínica. Com relação a especialidade médica prescritora, verificou-se uma redução de 6 % no número de hematologistas, em contrapartida, observamos um aumento de 7% em procedimentos prescritos por nutrólogos ou clínicos com manejo em modulação hormonal.
DiscussãoDiante dos resultados podemos confirmar que as indicações de sangria terapêutica são principalmente para policitemia e hemocromatose, com predomínio do sexo masculino. O aumento de diagnóstico de hemocromatose hereditária pode estar relacionado a redução do custo dos testes diagnósticos. Já o aumento de paciente em faixa etária mais jovem e com indicação de poliglobulia induzida por medicações se deve ao aumento expressivo do uso de terapia de reposição hormonal com testosterona nos últimos anos.
ConclusãoApesar da sangria terapêutica ser considerada um procedimento seguro, temos poucos estudos no Brasil analisando as indicações para policitemia induzida pelo uso de análogos de testosterona. Desta forma, não está bem definido os valores hematimétricos para indicação de sangrias e se realmente diminui o risco de eventos trombóticos e cardiovasculares nesse contexto.