HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosO transplante de células-tronco hematopoiéticas representa a única opção terapêutica curativa para diversas doenças hematológicas.[1] No Brasil, o REDOME, criado em 1993, constitui o terceiro maior registro mundial, com mais de 5 milhões de doadores.[2] A compatibilidade HLA entre doador e receptor é determinante para o sucesso do transplante.[3] A análise epidemiológica dos doadores é fundamental para identificar lacunas geográficas e demográficas, orientando estratégias de captação para otimizar as chances de compatibilidade.
ObjetivosDescrever o perfil demográfico e geográfico dos doadores cadastrados no REDOME em 2024, identificando padrões de distribuição relevantes para estratégias de captação.
Material e métodosEstudo descritivo transversal dos dados do REDOME de 2024. Foram analisadas variáveis demográficas (sexo, faixa etária, raça/cor) e distribuição geográfica por regiões brasileiras. Os dados foram processados através de análise estatística descritiva. Esta pesquisa utilizou exclusivamente dados secundários, de acesso público e anonimizados, sem possibilidade de identificação direta ou indireta dos sujeitos da pesquisa. Por esse motivo, está dispensada de apreciação por Comitê de Ética em Pesquisa, conforme previsto na Resolução CNS nº 510/2016.
ResultadosEm 2024, foram cadastrados 138.692 doadores no REDOME. A distribuição por sexo mostrou predominância feminina (88.156; 63,6%) versus masculina (50.536; 36,4%). A região Sudeste concentrou o maior número de doadores (55.737; 40,2%), seguida pelo Nordeste (39.892; 28,8%), Sul (17.506; 12,6%), Centro-Oeste (13.396; 9,7%) e Norte (12.161; 8,8%). Na região Centro-Oeste, observou-se predominância feminina (64,1%) e concentração na faixa etária de 20-24 anos. A análise étnico-racial revelou predomínio da população branca (48,6%), seguida por pardos (39,3%), pretos (8,8%), amarelos (2,1%) e indígenas (0,8%)6.
Discussão e conclusãoA predominância feminina (63,6%) corrobora tendências globais de maior adesão feminina à doação.[4] A distribuição geográfica reflete disparidades populacionais e socioeconômicas regionais.[5] A diversidade étnico-racial, embora representativa da miscigenação brasileira, evidencia sub-representação de populações indígenas e quilombolas, limitando as chances de compatibilidade HLA.[6] O perfil epidemiológico evidencia distribuição geográfica heterogênea e necessidade de estratégias regionalizadas de captação, especialmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. A diversidade étnico-racial requer expansão para populações específicas, visando reduzir disparidades no acesso ao transplante.
Referências:
1. Gratwohl A, et al. Hematopoietic stem cell transplantation: global perspective. JAMA. 2010;303(16):1617-24.
2. INCA. REDOME: 30 anos salvando vidas. Rio de Janeiro: INCA; 2023.
3. Boquett JA, et al. HLA diversity in Brazil. HLA. 2019;94(4):347-358.
4. Silva JR, et al. Gender patterns in bone marrow donation. RevBrasHematol. 2023;45(4):234-241.
5. IBGE. Distribuição populacional por regiões. Brasília: IBGE; 2024.
6. REDOME. Dashboard de doadores cadastrados [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2024. Disponível em:app.powerbi.com. Acesso: 08/07/2025




