
Analisar as internações por deficiência de ferro no Brasil no período de 2019 a 2023.
Materiais e métodosEstudo transversal, descritivo e com abordagem quantitativa, realizado mediante coleta de dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) vinculado ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), incluindo os descritores internações por ano, região, faixa etária, sexo e cor/raça.
ResultadosDurante o período de 2019 a 2023 foram diagnosticados 63.103 indivíduos com anemia por deficiência de ferro. Os dados demonstram uma tendência crescente a partir de 2019 com 10.983 casos (17,4%), tiveram uma ínfima queda de 0,72% no ano seguinte com 10.530 hospitalizados e depois ascenderam até atingir o auge em 2023 com 14.782 casos. As hospitalizações por deficiência de ferro na população brasileira apresentaram uma taxa de incidência de 5,4 por 100 mil habitantes em 2019 e 7,27 em 2023. A incidência nacional nesses 5 anos foi de 31,07 casos por 100.000 habitantes. No panorama regional, a região Sudeste apresentou maior número absoluto de casos com 26.087 (41,34%), seguida da região Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste, números que seguem o padrão de distribuição populacional. Quanto ao sexo, os números absolutos demonstram que 36.802 casos (58,32%) ocorreram no sexo feminino e 41,67% dos casos correspondem ao sexo masculino. Quanto à faixa etária, a mais acometida foi 80 anos e mais com 17,71% dos casos, seguido da faixa de 70 a 79 anos com 17,39% e de 60 a 69 anos com 15%, apontando que os idosos são os mais afetados. Quanto à cor/raça, os pardos registraram o maior número de casos com 26.180 (41,48%), seguido dos brancos com 33,97%, sendo essas duas etnias responsáveis por 75,45% das internações.
DiscussãoA deficiência de ferro é responsável por 90% dos casos de anemia entre os brasileiros e sua prevalência tem aumentado entre a população. A região Sudeste é a mais acometida possivelmente por uma ingesta desbalanceada de ferro, tanto pelo consumo de alimentos industrializados com baixo valor nutricional, por serem mais acessíveis economicamente e por se encaixarem no estilo de vida desenfreado. Quanto ao sexo, as mulheres são as mais afetadas por essa condição clínica que é originada principalmente pelo sangramento excessivo durante a menstruação. Outro fator preocupante é que a maioria dos casos por anemia ferropriva ocorre em mulheres em idade reprodutiva e em gestantes, o que pode trazer prejuízos para o nascituro, já que a falta desse mineral pode levar ao baixo peso ao nascer e aumentar a mortalidade perinatal. Na gravidez há uma alta demanda de ferro pelo organismo e uma alimentação e suplementação inadequadas podem desencadear a condição de anemia ferropriva, o que ressalta a necessidade de um pré-natal de qualidade. Em relação à cor/raça os pardos se destacam devido a esse grupo se encontrar em uma condição de vulnerabilidade socioeconômica, levando-os a uma dieta pobre em nutrientes e a residir em locais mais suscetíveis à contaminação por verminoses. Quanto à faixa etária, os idosos foram os mais afetados possivelmente pela senescência e pelas disfunções orgânicas trazidas por ela.
ConclusãoPortanto, é notável que a anemia ferropriva é um importante problema de saúde pública, sendo de grande importância um acompanhamento médico regular para diagnosticar e suplementar o mineral em caso de deficiência.