
Revisar e descrever as características epidemiológicas do Linfoma Não Hodgkin (LNH) no Centro-Oeste (CO), com a proposta de identificar os fatores de risco e padrões de incidência que, posteriormente, podem ser alvos de estratégias novas de rastreio para diagnóstico precoce.
Material e métodosTrata-se de um estudo epidemiológico, descritivo e retrospectivo, realizado na região CO, com dados obtidos a partir do DATASUS. Foram analisados dados do período 2018-2023, a coleta de informações ocorreu em fevereiro de 2024. O estudo foi baseado nos casos onde foi diagnosticado o LNH, tendo como variáveis analisadas: faixa etária, sexo, ano do diagnóstico, tempo de tratamento, região do diagnóstico, unidade federativa do diagnóstico e modalidade terapêutica.
ResultadosNo período analisado, foram documentados 41.532 casos de LNH no Brasil. A região que apresentou maior quantidade de novos diagnósticos foi a Sudeste, com 44,9% (n = 18.688), em contrapartida, a CO representou apenas 5,9% (n = 2.491) dos casos. Dentre estes, percebe-se uma predominância no sexo masculino, 54,5% (n = 1.358), em relação ao feminino, 45,5% (n = 1.133). Quanto à faixa etária, tem um maior acometimento na população de 60 a 64 anos, com 12% (n = 305) dos casos e uma menor incidência entre a de 20 a 24 anos, com 3% (n= 76). Em relação ao tratamento mais empregado, observa-se o uso da quimioterapia em 71,6% (n = 1.786). Quanto ao tempo de tratamento, verificou-se que 36,6% (n = 914) dos casos duraram até 30 dias, enquanto uma duração superior a 60 dias foi observada em 26% (n = 652) destes. Durante o período, o ano de 2019 foi o de maior incidência, com 554 novos casos, enquanto que 2018 apresentou somente 307.
DiscussãoOs resultados analisados mostram uma discrepância na quantidade de casos de LNH entre as diferentes regiões do Brasil, que está diretamente relacionada à densidade demográfica e desenvolvimento de cada região. Nota-se que a região CO, caracterizada pela densidade demográfica reduzida e pelo desenvolvimento regular em saúde, apresenta números inferiores tanto de diagnóstico, quanto de tratamento. A faixa etária mais acometida pelo LNH está associada à senescência, sendo este processo reconhecido pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (ABRALE). No quesito tratamento do LNH, a predominância da quimioterapia é destacada, junto a sua eficácia. Apesar disso, é necessária uma abordagem individualizada para cada paciente. Embora a maioria dos tratamentos tenha duração de até 30 dias, é notória a proporção significativa de pacientes que requerem tratamento prolongado.
ConclusãoA análise do perfil epidemiológico do LNH na região CO revelou importantes informações acerca dos padrões de incidência e do tratamento da doença. A região estudada, ao ocupar o penúltimo lugar entre os casos diagnosticados, evidencia a relação entre densidade demográfica/desenvolvimento regional e a incidência dos casos, destacando a necessidade de políticas públicas nas áreas com menor acesso aos centros de referência e maior investimento nas áreas de maior população.