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Informação da revista
Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S1105-S1106 (outubro 2024)
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HEMO 2024
Páginas S1105-S1106 (outubro 2024)
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ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA MORBIMORTALIDADE DESENCADEADA PELA DENGUE
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JPO Gomesa, JGDV Holandaa, LD Carvalhoa, GNR Silvaa, ALP Sousaa, FBJ Croitora, APM Paivaa, ESM Almeidaa, GM Silvaa, GC Vieirab
a Universidade Católica de Brasília (UCB), Brasília, DF, Brasil
b Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Objetivos

Revisar e analisar as características clínicas e demográficas da dengue no país, buscando identificar os fatores de risco e os padrões deincidência dos distúrbios hematológicosassociados, com o intuito de desenvolver estratégias preventivas e de manejo mais eficazes para conter a progressão da doença.

Metodologia

Trata-se de um estudo transversal e retrospectivo, usando dados coletados da base de dados DATASUS, de 2013 a 2023, nas regiões do Brasil. Foram analisados os seguintes critérios: internação, sexo, faixa etária e região.

Resultados

De 2013 a 2023, foram internadas 451.536 pessoas com dengue em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. A região com o maior número de internações foi o Nordeste, com 31,43%, seguido pelo Sudeste (30,29%), Centro-Oeste (19,67%), Norte (9,8%) e Sul (8,77%). A faixa etária mais afetada foi a de 20-59 anos (14,07%), seguida por 30-39 anos (12,99%). As faixas etárias menos afetadas foram as acima de 80 anos (3,78%) e as menores de 1 ano (2,07%).

Discussão

Entre 2013 e 2023, o total de casos de dengue é atribuído ao clima tropical e às estações chuvosas, que favorecem a reprodução do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. Nota-se que o aumento de casos está ligado à expansão urbana e à falta de saneamento básico, criando um ambiente propício para a proliferação do mosquito. A faixa etária mais afetada, de 20-59 anos, encontra-se associada à maior exposição dessa população, em locais de trabalho e estudo. Observa-se a baixa incidência em crianças menores de 5 anos, que pode ser atribuída à dificuldade de diagnóstico, haja vista a dificuldade de distinguir a dengue de outras doenças febris agudas, além da ocorrência de casos assintomáticos. No Sul, a taxa de incidência é de 8,77%, explicada pelo clima mais frio, que dificulta a proliferação do mosquito. No Nordeste, a morbidade hospitalar por dengue é de 31,43%, sendo essas internações associadas à quadros como trombocitopenia, derrame vascular e alterações medulares. A trombocitopenia tem sua ocorrência explicada através da supressão da medula óssea, associada também à depuração periférica das plaquetas por meio de uma reação cruzada entre anticorpos anti-DENV contra proteínas virais com antígenos plaquetários. Na fase crítica há uma resposta inflamatória sistêmica, extravasamento de plasma, leucopenia, trombocitopenia, hemoconcentração. Assim, os pacientes internados podem vir a apresentar os seguintes sinais e sintomas: sangramentos espontâneos de mucosas, hipotensão, hemorragias graves e falência orgânica. Além disso, a introdução e expansão da vacinação, no território brasileiro, contra a dengue torna-se um instrumento crucial para a prevenção e diminuição de complicações da doença, especialmente em áreas com maior incidência e vulnerabilidade.

Conclusão

A análise demográfica da dengue no Brasil revela que a população jovem e adulta do Nordeste é a mais afetada, devido à temperatura elevada e ao menor desenvolvimento socioeconômico. A maior presença dessa faixa etária em ambientes públicos contribui para a vulnerabilidade. É necessário conscientizar essa população sobre a redução de focos do mosquito, melhorar saneamento e condições socioeconômicas, assim como garantir acesso prioritário à vacinação nas áreas de maior necessidade, conforme o princípio da equidade.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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