HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
Mais dadosA Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA) é uma neoplasia maligna e heterogênea, com padrão bimodal de incidência, com o 1º pico observado em crianças de até 5 anos (80% dos casos) e o 2° em adultos acima de 50 anos (20% dos casos). No Brasil, há escassez de estudos populacionais que explorem a incidência e mortalidade da LLA em adultos. Ademais, ainda que as crianças tenham obtido uma melhora em seus prognósticos, o mesmo não ocorre com os adultos. Compreender o perfil epidemiológico local da LLA é essencial para planejar estratégias que visem minimizar a morbimortalidade da doença.
ObjetivosAnalisar o perfil epidemiológico da LLA em adultos no município de São Paulo no período de 2013 a 2023.
Material e métodosEstudo epidemiológico descritivo e retrospectivo em adultos do município de São Paulo, com coleta de dados secundários, disponibilizados pelo Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) e Registro de Câncer de Base Populacional do Município de São Paulo (RCBPSP), via Departamento de Informática do SUS (DATASUS) através das ferramentas Tabwin e Tabnet. Houve estratificação para sexo e faixa etária (acima de 19 anos) para as Declarações de Óbito (DO) e registro de casos novos, selecionados pelo CID da LLA (C91.0). As taxas de incidência e mortalidade bruta foram calculadas por sexo, faixa etária, ano e período. Para a taxa de mortalidade foi utilizada a estimativa populacional da fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), do ano 2018 e para a incidência o ano de 2015, em virtude da diferença dos períodos calculados; 2013 a 2023 para mortalidade e 2013 a 2017 para incidência.
ResultadosDe 2013 a 2017 foram registrados 133 casos novos de LLA (67 homens; 66 mulheres), a taxa de incidência média do período foi de 3,16 (3,46 homens; 2,91 mulheres) casos novos por milhão de habitantes. Os maiores índices de incidência ocorreram na faixa etária de 80 anos ou mais (12,11 mulheres; 4,96 homens). A menor taxa de incidência nas mulheres ocorreu na faixa etária dos 40 aos 49 anos (1,13), enquanto nos homens foi entre os 50 aos 59 anos de idade (2,02). Entre 2013 a 2023 ocorreram 757 óbitos (350 mulheres; 407 homens). As faixas etárias de 20‒29 (150; 44 mulheres; 106 homens) e 30-39 (134; 68 mulheres; 66 homens) contabilizaram o maior número de óbitos por LLA. As taxas de mortalidade bruta foi 7,98 (6,83 mulheres; 9,34 homens). Os maiores índices de mortalidade ocorreram acima de 80 anos (17,86 mulheres; 23,18 homens). A menor taxa de mortalidade nas mulheres ocorreu na faixa etária dos 40 aos 49 anos (3,87), enquanto nos homens foi entre os 50 e 59 anos de idade (6,42).
Discussão e conclusãoApesar da escassez de dados epidemiológicos na América Latina, estudos retrospectivos sugerem que latino-americanos possuem uma prevalência maior da LLA do que americanos e europeus. A hipótese foi reforçada, dado que a taxa de incidência no Município de São Paulo (3,16) foi maior que a taxa de incidência mundial (1,37). Ainda que estudos sugiram que o 2º pico de LLA ocorra com cerca de 50 anos, isso só aconteceu com a população feminina (14 casos), enquanto a masculina alcançou o maior número de casos na faixa etária dos 20 aos 29 anos (22 casos). Embora a maior taxa de incidência encontrada foi de 12,11, contempla apenas 10 casos. Ademais, houve discrepância entre as taxas de mortalidade do município de São Paulo (7,98) em relação à global (0,90). As discrepâncias reforçam a importância da vigilância epidemiológica para o planejamento estratégico, a fim de otimizar o diagnóstico e tratamento dos pacientes.




