
Avaliar o perfil de anticorpos irregulares (A.I) antieritrocitários que tiveram positividade nas amostras sanguíneas das pacientes atendidas no Centro Universitário integrado de Saúde Amaury de Medeiros (CISAM) e encaminhadas ao Hemocentro de apoio (HEMOPE).
Material e métodosAnálise retrospectiva, transversal, descritiva com levantamento de dados relativo à pesquisa de anticorpos antieritrocitários irregulares (P.A.I) da Agência transfusional (AT) de um serviço especializado em cuidado materno durante o período de janeiro de 2017 a junho de 2022. Foram utilizados como fontes de dados, as solicitações de transfusões sanguíneas (STS), livros de registros imuno-hematológicos internos da AT e as fichas recebidas do HEMOPE com resultado da identificação do anticorpo(s).
ResultadosForam realizadas 3161 transfusões, sendo o concentrado de hemácias (CH) o hemocomponente mais solicitado, representando 89%, seguido por concentrado de plaquetas (CP) (8%) e plasma fresco congelado (3%). A positividade da P.A.I ocorreu em 64 pacientes (2%), correspondendo a 1:49 pacientes. Foram detectados 77 aloanticorpos isolados e/ou associados entre os pacientes analisados. Dentre eles, a especificidade dos anticorpos realizados foi determinada em 48 pacientes (75%). A identificação do anticorpo foi negativa em 9 pacientes (14 %) e os outros 6 (9,4%) corresponderam a anticorpos de especificidade não determinada pelo painel de hemácias. Paralelamente, o autocontrole foi positivo em 7 pacientes (10%), sendo apenas em 1 paciente (1,6%) detectado a presença de autoanticorpo de maneira isolada. Dentre o perfil fenotípico, 10 tipos de anticorpos foram identificados, com predomínio do anti-D (31%) e sua incidência em ordem decrescente distribuída como: anti – D 31% (n = 24) > anti -E 9% (n = 7)= anti-Lea 9% (n = 7) > anti-C 6% (n = 5) = anti-M 6% (n = 5) > anti – Kell 5% (n = 4) > anti-Jka 3% (n = 2) > anti-c = anti-e = anti-Lex 1% (n=1). A identificação de apenas um anticorpo irregular foi encontrada em 57.8% (n = 37) enquanto 17,2% (n=11), apresentaram associação de dois anticorpos ou três aloanticorpos. Verificou se que o percentual de positividade na P.A.I foi mais frequente para o grupo sanguíneo O (43%) em relação aos demais: A (28%), B (12%) e AB (4%) e outros 13% não identificados em nossos registros e para o fator Rh positivo (58%).
DiscussãoDentre as pacientes atendidas, identificou-se A.I em 64 pacientes, correspondendo a índice de aloimunização de 2%. Entre os anticorpos identificados, a incompatibilidade pelo sistema Rh foi a principal responsável pela formação de anticorpos (48%), com destaque para o anti-D (31%), considerado muito importante na prática clínica, pois pode causar a doença hemolítica do recém-nascido (DHRN), possivelmente relacionado com aloimunização pós-gestacional e devido falha na imunoprofilaxia Rh. Na sequência dos anticorpos de importância clínica e imunogênico, anti-E (9%) e anti-C (6%) foram os anticorpos mais comumente identificados. Em apenas 5% foram encontrados anti-K, tão imunogênico quanto anti-E e anti-C potencialmente causadores de DHRN. Assim, das P.A.I avaliadas, 51% tiveram A.I com significado de importância clínica e causador de DHRN.
ConclusãoPor meio deste estudo, é possível compreender a prevalência dos AI entre as pacientes atendidas e comprovar a importância da identificação dos anticorpos irregulares para a segurança transfusional, tendo em vista o potencial para reações transfusionais hemolíticas e DHRN.