
A transfusão de hemocomponentes é um procedimento complexo, que está associado a um risco significativo de complicações. Foram avaliadas as reações transfusionais imediatas notificadas ocorridas em hospital atendido pelo Grupo Gestor de Serviços de Hemoterapia – Grupo GSH – Rio de Janeiro, no período de julho 2017 a junho de 2022, coletadas em Fichas de Notificação de Incidentes Transfusionais, NOTIVISA.
MétodosRealizado estudo observacional, descritivo com delineamento transversal, em hospital localizado na cidade do Rio de Janeiro, a partir da análise estatística descritiva de informações coletadas em todas as Fichas de Notificação de Incidentes Transfusionais, NOTIVISA, sendo as seguintes variáveis clínicas e epidemiológicas analisadas: sexo, idade, patologia, hemocomponente envolvido, sinais e sintomas, gravidade, tipo de reação adversa. O levantamento dos dados foi realizado através do Sistema Real Blood, Sistema NOTIVISA e Sistema de Produção Hemoterápica HEMOPROD. A pesquisa abrangeu os pacientes que receberam transfusão de hemocomponentes no período de julho de 2017 à junho de 2022. A análise dos resultados foi realizada pela estatística descritiva, e estes dados foram trabalhados em planilhas do software Microsoft Excel.
ResultadosDe julho de 2017 à junho de 2022 foram transfundidos 16.027 hemocomponentes, sendo 7.387 concentrados de hemácias (CH), 1.979 plasmas frescos (PF), 5843 concentrados de plaquetas (CP) e 818 crioprecipitados (CR). Todos os componentes celulares foram desleucotizados. A maioria das transfusões ocorreu no CTI (76,71%). Foram encontrados 33 registros de 30 pacientes que apresentaram sinais e sintomas de reações adversas à transfusão. Quanto à patologia de base, 38,71% tinham doença onco-hematológica. O CP foi o mais transfundido foi o CP correspondendo à 73,81% de todas as unidades envolvidas. Das 33 reações notificadas, 10 apresentaram mais de um sintoma e 3 apresentaram sintomas de gravidade moderada. A reação transfusional mais evidente foi a alérgica (54,54%). A maioria das reações foi classificada como grau 1 – leve, sem risco à vida. Houve maior prevalência no sexo masculino, com média de idade de 84 anos, enquanto que no sexo feminino essa média foi de 66,45. As manifestações clínicas mais frequentes foram a urticária com ou sem prurido, tremores e sintomas respiratórios. A reação alérgica esteve mais relacionada a urticária, prurido, eritema e pápulas, enquanto que nas outras reações houve dispnéia, taquipneia e hipertensão arterial. O concentrado de plaquetas esteve mais relacionado com a reação alérgica.
DiscussãoHouve predomínio do sexo masculino (57,57%) e pacientes onco-hematológicos (38,71%). O CP foi mais associado aos incidentes transfusionais, provavelmente, por sua maior utilização. As reações transfusionais agudas registradas foram em sua maioria leves (90,91%) e do tipo alérgica (54,55%) caracterizadas por urticária, prurido e eritema, durante a transfusão ou até três horas após. Porém, não se deve esquecer das subnotificações. Houve registro somente de 1 reação febril não hemolítica (RFNH).
ConclusãoOs resultados corroboram a literatura quanto ao tipo e frequência das reações transfusionais. Evidenciou-se também que a desleucotização reduz a incidência de RFNH, contribuindo para a segurança e qualidade da assistência hemoterápica.