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Vol. 45. Núm. S4.
HEMO 2023
Páginas S923 (Outubro 2023)
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PERDA GESTACIONAL E LUTO DE MULHERES COM TROMBOFILIA: IMPLICAÇÕES PARA O CUIDADO DAS EQUIPES DE SAÚDE
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YB Moraesa, PPB Solaa, JHCD Santosa, ACB Carvalhob, MAD Santosa, EAO Cardosoa
a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (USP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
b Hemocentro de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP, Brasil
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Introdução e objetivos

A falta de acolhimento adequado pela equipe de saúde no contexto da perda gestacional pode contribuir para complicações na elaboração do luto. Este estudo tem como objetivo conhecer as vivências de mulheres com diagnóstico de alguma síndrome trombofílica que viveram perdas gestacionais.

Métodos

Estudo clínico-qualitativo, transversal, descritivo-exploratório. A amostra foi composta por dez mulheres diagnosticadas com trombofilia que sofreram perdas gestacionais. Os instrumentos utilizados foram: Formulário de Dados Sociodemográficos, Critério de Classificação Econômica - Critério Brasil e um roteiro de entrevista semiestruturado. As entrevistas semidirigidas foram audiogravadas e posteriormente transcritas na íntegra, analisadas com a técnica de Análise Temática Reflexiva e interpretadas à luz do marco teórico do luto não autorizado.

Resultados

Os dados foram agrupados em duas categorias: a) Equipes que se mostraram insensíveis à dor do luto: As participantes apontaram que as equipes de saúde nem sempre conseguiram reconhecer adequadamente suas necessidades subjetivas e oferecer acolhimento e cuidado face ao seu sofrimento. Relataram intenso sofrimento ao serem hospitalizadas junto a outras mães parturientes com seus bebês recém-nascidos. Sentiram que não tiveram suas necessidades atendidas pelos profissionais de saúde, o que intensificou sua vulnerabilidade decorrente da perda; b) Equipes que ofereceram apoio e auxiliaram na elaboração da perda: As participantes se sentiram amparadas e se perceberam acolhidas quando a dor de sua perda foi reconhecida e valorizada pela equipe de saúde. Condutas como cuidado na escolha do local da internação e a disponibilidade da equipe para ouvir e tranquilizar após a vivência traumática da perda foram atitudes consideradas benéficas e reconfortantes. As participantes valorizaram profissionais que demonstram sensibilidade e abertura para reconhecerem suas necessidades emocionais enquanto mães enlutadas, e que as encorajam a externalizar seu sofrimento em vez de silenciar sua dor.

Discussão

No trabalho psíquico de elaboração do luto é importante que haja algum tipo de reconhecimento social da perda, para que as reações que fazem parte do processo normal de luto sejam validadas. Identificou-se que as mulheres, logo após a perda gestacional, sentem-se solitárias nesse momento tão difícil de suas vidas, e por isso podem ficar hiper-sensíveis às posturas dos profissionais. Assim, considera-se que a postura de acolhida só é possível quando há, da parte dos profissionais, o genuíno reconhecimento da perda e do direito dessas mulheres a vivenciarem seu processo de luto.

Conclusão

O luto decorrente da perda perinatal é dotado de algumas particularidades que devem ser consideradas, a fim de oferecer melhores cuidados em contextos de saúde. Uma vez que o diagnóstico de trombofilia é acompanhado de risco aumentado durante a gestação, as necessidades e desejos das mulheres devem ser considerados durante o acompanhamento da gravidez de risco, assim como durante a realização dos procedimentos médicos necessários no caso de perda gestacional. Assim, entende-se que o reconhecimento da perda e a validação do luto por parte das equipes de saúde podem contribuir para a melhora do acolhimento e do cuidado humanizado às mulheres em situação de maior vulnerabilidade. (FAPESP, processo no 2023/02832-5).

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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