O linfoma da célula do manto (LCM) é um linfoma não-Hodgkin raro e agressivo, com sobrevida média de cerca de 5 anos. Não existe uma recomendação terapêutica universalmente aceita. No Brasil, carecemos de pesquisa em LCM. Com o objetivo de esclarecer o panorama do tratamento dessa doença no Brasil, elaboramos um questionário para avaliar a tomada de decisão dos hematologistas e o acesso à medicações. O questionário possuiu 14 perguntas, utilizamos a plataforma online Google Forms e direcionamos aos hematologistas de todo o país por meio de redes sociais e e-mails, entre os dias 27 de julho e 05 de agosto de 2020. Ao todo, foram obtidas 91 respostas. De acordo com os dados obtidos, 57% dos hematologistas acompanhou mais de 5 pacientes portadores de LCM nos últimos 5 anos, sendo 37% dos pacientes atendidos na rede privada e 25% na rede pública, enquanto 37% dos médicos são ativos em ambas. Quanto à avaliação inicial, 96% dos respondentes afirmou ter acesso ao percentual de positividade Ki-67, 92% ao MIPI, 86% à morfologia blastóide e 29% ao status do gene P53. A conduta terapêutica seria modificada de acordo com o P53 para 70%, de acordo com a morfologia blastóide para 63%, pelo valor do Ki-67 em 32% e pelo valor do MIPI em 30% dos casos. Quanto ao tratamento preconizado para a primeira linha em um paciente jovem com linfoma do manto clássico, 34% dos médicos classificou o esquema R-CHOP + R-DHAP como melhor opção, 25% considerou o esquema nórdico (MaxiCHOP + citarabina) como melhor opção e 21% o R-DHAP. Quando questionados acerca do melhor tratamento no mesmo caso anterior, contudo durante o período da pandemia de COVID-19 no ano de 2020, 33% optaram pelo esquema R-CHOP + R-DHAP, 21% pelo R-DHAP, 15% pelo esquema nórdico e 18% considerou o uso de ibrutinibe ou acalabrutinibe em primeira linha. Acerca da melhor indicação para novos medicamentos como os citados, 58% dos médicos indicou o uso em segunda linha, 22% consideram o uso em primeira linha para pacientes de mau prognóstico, 17% como segunda linha nesses pacientes e 3% após se esgotarem as opções de QT disponíveis. Em relação ao acesso ao rituximabe, 82% afirma que a maioria de seus pacientes o possui. Nos pacientes não elegíveis para transplante, 45% considera o esquema R-CHOP + manutenção como a primeira linha a ser aplicada, 31% o esquema R-bendamustina + manutenção, 13% apenas R-bendamustina e 9% apenas o R-CHOP. Acerca do perfil demográfico desses profissionais 80% dos respondentes é da região Sudeste do país, sendo 53% atuantes na cidade do Rio de Janeiro. Em relação à COVID-19, 44% declarou ter mudado seus procedimentos, sendo destacadas a substituição dos esquemas infusionais por orais e a restrição às internações. Nosso trabalho tem diversas limitações porém confirmamos que há heterogeneidade na escolha dos tratamentos para o LCM. Surpreende que a maioria tenha acesso aos principais fatores de risco e considere a troca do tratamento inicial em muitos casos, com exceção do status P53 ainda pouco disponível. Finalmente, a pandemia resultou em mudança nas condutas em número elevado de casos. Esperamos que este estudo possa servir de base para um estudo mais sofisticado, de “mundo real”, no LCM.
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