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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S698 (outubro 2024)
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PANCITOPENIA SEVERA SECUNDÁRIA A TRATAMENTO PARA TOXOPLASMOSE CONGÊNITA: RELATO DE CASO
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BCFV Pires, MTB Alves, ESS Serafim, NA Brito, CBA Medeiros, RD Souto, JLC Marinho, ECC Freitas
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró, RN, Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Introdução

O tratamento para toxoplasmose congênita (TC) pode cursar com supressão da medula óssea e tem potenciais efeitos como: neutropenia severa, anemia aplástica, trombocitopenia e hemólise. Desse modo, o atendimento a crianças em uso da terapia para TC na unidade de emergência deve despertar o alerta para a possibilidade de reações adversas graves.

Descrição do caso

Paciente do sexo masculino, 45 dias de vida, admitido em UTI pediátrica (UTIP) com quadro de insuficiência respiratória aguda. Nos exames admissionais notou-se pancitopenia grave (hemoglobina 5,9 g/dL, leucócitos 1220/mm³e plaquetas 8.000/mm³). Na anamnese, a mãe revelou uso regular de pirimetamina, sulfadiazina e ácido folínico, em virtude do diagnóstico de TC. Nasceu a termo, sem intercorrências perinatais e na 2ªsemana de vida iniciou vômitos e convulsões, procurando o pronto-socorro diversas vezes, sem investigação da queixa. Devido à manutenção do quadro, procurou a maternidade. A análise de líquor e o ultrassom transfontanelar foram normais, sendo liberado com fenobarbital e indicação de manter as medicações para TC. Após a alta, manteve vômitos e iniciou diarreia, procurando novamente o pronto-socorro do município. Há 03 dias da admissão, evoluiu com tosse, espirros, piora dos vômitos e desconforto respiratório, sendo encaminhado para o hospital terciário da região e depois para a UTIP. Optou-se por suspender o tratamento para TC e manter suporte, tendo como hipótese diagnóstica bronquiolite associada à reação adversa grave às medicações para TC. O paciente necessitou de intubação, porém evoluiu com resposta clínica e laboratorial importantes. Durante a internação apresentou nova análise de líquor e tomografia de crânio normais e IgG para T. gondii em queda, com IgM novamente não reagente, reforçando a conduta de manter suspenso o tratamento para TC.

Discussão

De acordo com os critérios de 2022 do MS, as crianças assintomáticas com IgG reagente, IgM e/ou IgA não reagentes e exame clínico, fundo de olho e USG transfontanelar normais devem repetir sorologias mensalmente e ter conduta expectante. O que chamou a atenção, neste caso, foi a indicação equivocada do tratamento, o qual levou ao desenvolvimento de reação importante, caracterizando iatrogenia. A pirimetamina inibe a atividade da diidrofolato redutase, enzima envolvida na utilização do folato para síntese de DNA. Logo, a redução dos seus níveis repercute na hematopoiese. A neutropenia acentuada gerada no paciente pode ter contribuído para a infecção clinicamente grave pelo rinovírus, uma vez que a intensidade de uma infecção também depende da imunidade do hospedeiro. Outros efeitos colaterais descritos também são compatíveis com o quadro apresentado pela criança desde o início do tratamento: vômitos, tremores e convulsões. A melhora clínica dramática após a suspensão das medicações reforça esta discussão.

Conclusão

Devido à possibilidade de reações adversas graves às medicações para tratamento de TC, deve-se observar com atenção os critérios para diagnóstico e indicação de tratamento a fim de evitar iatrogenia ameaçadora de vida.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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