A solicitação de reserva cirúrgica é realizada para uma potencial necessidade, podendo ou não haver a transfusão.

Padronizar as solicitações de hemocomponentes para reservas cirúrgicas por tipo de cirurgia eletiva através da implementação da Escala de Requisição Máxima de Sangue para Cirurgias (ERMSC) no Hospital Universitário de Sergipe (HU-UFS).

Pesquisa retrospectiva, documental, transversal e descritiva com abordagem quantitativa. Realizada na Agência transfusional do HU-UFS, através da análise das Solicitações Nacionais de Hemocomponentes (SNH), Formulário de Registro de Hemotransfusão e dos mapas cirúrgicos referentes ao período de setembro de 2019 a setembro de 2020. Os dados coletados foram tabulados e analisados estatisticamente e em seguida, foi realizado o cálculo do Índice de Pacientes Transfundidos (IPT) que representa multiplicação do número de pacientes transfundidos por 100, dividido pelo número de cirurgias realizadas, o cálculo do Índice de Utilização de Concentrado de Hemácias (IUCH) que consiste na relação entre unidades de CH compatibilizadas e unidades transfundidas e por fim o cálculo da média de transfusões realizadas por tipo de cirurgia. Esses cálculos embasaram a criação da ERMSC do HU-UFS.

Das unidades de hemocomponentes solicitadas 930 (70,34%) foram concentrados de hemácisas (CH), sejam estas normais, filtradas ou lavadas, 361 (27,30%) plasma fresco congelado (PFC), 16 (1,21%) concentrado de plaquetas (PQT) e 15 (1,13%) criopreciptado. Do total de solicitações, apenas 117 (13,38%) unidades foram transfundidas. No período analisado foi estimado um custo com as sobras de CH de cerca de R$ 23.345,76, considerando apenas o gasto com os reagentes para a realização dos testes, desconsiderando os demais custos operacionais.

A padronização das reservas cirúrgicas deve ser realizada de forma individual para cada Instituição de Saúde que dispõem de tal serviço, visto que cada unidade possui um perfil de consumo específico, e a mesma permite a redução de gastos excessivos com compatibilizações desnecessárias e evita o comprometimento do estoque de bolsas de hemocomponentes.  Quanto aos custos financeiros, o estudo em questão estimou um custo R$ 23.345,76 de testes realizados nos CH solicitados e não transfundidos. Em um estudo realizado por Marcondes(2017) foi evidenciado que seria possível economizar cerca R$ 10.207,55 no período de um ano através da utilização da ERMSC criada com base na média de transfusões.

Identificou-se que há solicitações excessivas de CH, um elevado número de compatibilizações que poderiam ser dispensadas e um elevado percentual de solicitações não transfundidas, representando uma despesa importante para a Instituição de Saúde em análise. Dessa forma, pode-se concluir que a elaboração do diagnóstico situacional por meio da análise do perfil cirúrgico, da solicitação/utilização de hemocomponentes de reserva cirúrgica, do IPT e IUCH e consequente implementação da ERMSC é de extrema importância para melhora do processo de trabalho das Instituições de Saúde que dispõem de Serviços de Hemoterapia. Os benefícios vão desde questões burocráticas, como por exemplo, a otimização no preenchimento das SNH, facilitada pela padronização, melhor aproveitamento dos recursos humanos e materiais, até minimização de custos financeiros.