
Analisar o preenchimento das solicitações de hemocomponentes no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe.
Material e métodosEstudo exploratório descritivo com abordagem quantitativa realizada na unidade transfusional do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe no período de setembro de 2019 a julho de 2022. Utilizou-se a Solicitação Nacional de Hemocomponente (SNH) como fonte de dados.
ResultadosForam solicitadas 7.245 unidades de hemocomponentes com média mensal de 206,08, dentre estas 59,20% foram unidades de concentrado de hemácias, 24,24% plasma, 9,14% concentrado de hemácias filtrados, 5,71% concentrado de plaquetas, 0,88% crioprecipitado, 0,28% concentrado de hemácias lavadas. 45,78% dos hemocomponentes solicitados foram transfundidos, média de 97,56 transfusões mensais. Quando ao preenchimento dos campos obrigatórios, antecedentes do paciente foram os que apresentaram maior percentual de inconformidade, ou seja, sem a informação, 61,99% dos hemocomponente solicitados para pacientes do sexo feminino não continham antecedentes gestacionais; 50,92% não constavam o histórico de reações transfusionais e 32,26% o de transfusões previas. 10,02% das SNH não constavam a indicação e 0,40% apesar de preenchido, estava ilegível, já o campo diagnóstico do paciente, 9,18% das SNH não estavam com esta informação e 0,48% encontrava-se ilegível. Os campos com um menor percentual de inconformidade foram resultados de exames e modalidade da transfusão, os dados não estavam preenchidos em apenas 7,35% e 1,79% das SNH respectivamente.
DiscussãoOpreenchimento da SNH é uma conduta médica e precisa ser embasada em critérios de indicação precisos, visto que a hemoterapia não é isenta de riscos. Condições clínicas, como Leucemias, imunodeficiência congênitas, doenças onco-hematológicas, ou histórico de reações transfusionais, exigem cuidados adicionais na hemotransfusão dentre eles desleucocitação, irradiação, lavagem ou mesmo a fenotipagem eritrocitária como parte dos requisitos para segurança transfusional. O diagnóstico e o número de transfusões são dois dos fatores associados a ocorrência de reações transfusionais imediatas. Dentre as informações mínimas, preconizadas pelo Ministério da Saúde, que devem constar na SNH estão, o diagnóstico e a indicação, modalidade da transfusão, resultados laboratoriais, e antecedentes transfusionais e gestacionais. Estudo realizado no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, observou que 88,1% das informações referentes aos antecedentes transfusionais estavam presentes nas SNH, 91,4% estavam com os registros dos dados laboratoriais, 85,5% da modalidade de transfusão, 94,9% da doença de base e 97,6% da indicação clínica. Ratifica-se que tais dados são obrigatórios pois direcionam a conduta a ser adotada pela equipe da unidade transfusional no preparo das bolsas, de forma a reduzir riscos como aloimunização e reações imediata, assegurando dessa forma maior segurança ao ato transfusional.
ConclusãoEvidenciou-se que, no preenchimento das SNH, os antecedentes dos pacientes como transfusões previas, histórico de reações transfusionais e gestacionais, foram os itens que alcançaram o maior percentual de inconformidade. Enquanto os resultados de exames laboratoriais e a modalidade da transfusão, foram os dados que apresentaram maior índice de conformidade.