Objetivos: Relatar e sintetizar informações acerca de pacientes oncológicos diagnosticados com COVID-19 e seus prognósticos. Material e métodos: Foi realizado uma revisão sistemática da literatura online, através de artigos publicados no PubMed, no período de janeiro a julho de 2020. Foram considerados os textos que tinham como foco principal o estudo de pacientes oncológicos diagnosticados com COVID-19, com informações relevantes e relatos de casos, enquanto textos que não apresentaram a temática como foco principal, dados de fora do período e textos incompletos foram excluídos. As palavras-chaves para pesquisa foram: COVID-19, câncer, COVID-19 and câncer. Foram totalizados 193 textos acerca do assunto, porém, com os critérios de inclusão e exclusão, restaram apenas 45. Resultados: Foram evidenciados maiores riscos e complicações em pacientes oncológicos diagnosticados com COVID-19, podendo ser mais propensos a ter dispneia e expectoração, além de uma maior frequência de opacidade em vidro fosco e sombras irregulares em tomografias computadorizadas. Outros achados foram evidenciados em 44% dos artigos selecionados, como aumento das citocinas pró-inflamatorias (TNF-α, IL-6 e IL-2R) e de biomarcadores da infecção (procalcitonina e proteína C-reativa) comparado com pacientes sem câncer. Outrossim, foi relatado em cerca de 94% dos artigos que há um pior prognóstico em pacientes que já realizaram tratamentos como quimioterapia ou radioterapia anteriormente a infecção ou durante o processo. Discussão: No contexto atual, de acordo com os artigos e textos recém-publicados, não há dados suficientes para uma real associação de um maior risco de infecção por SARS-CoV-2 em pacientes oncológicos, apenas nos casos em que há outros fatores de risco associados, como a idade, hipertensão arterial, histórico de tabagismo e síndromes respiratórias pré-existentes. Além disso, também foi evidenciado um possível maior comprometimento em pacientes imunodeficientes devido a tratamentos como a quimioterapia e radioterapia, enquanto pacientes que realizaram ressecção cirúrgica ou nenhum tratamento apresentaram menor número de casos graves. Desse modo, observa-se uma discrepância entre casos graves e não graves de acordo com o tempo entre o último tratamento e a infecção. Foram verificados que outros fatores de risco, como estágio avançado do tumor, maior proporção albumina-globina, elevação de TNF-α, NT-proBPN e procalcitonina podem provocar um pior prognóstico da doença, porém, seus mecanismos não foram elucidados. Ademais, nota-se um aumento da expectoração e dispneia em pacientes oncológicos com a infecção e uma menor presença de sintomas como coriza e dor de garganta com motivos ainda não esclarecidos. Outro problema relatado tem sido em relação a incapacidade dos pacientes oncológicos de receberem serviços médicos adequados devido ao surto da doença e o atual momento da pandemia. Conclusão: No atual momento não foi possível a comprovação de uma associação direta de pacientes oncológicos e um maior risco da infecção do COVID-19. Entretanto, tais pacientes podem apresentar um maior comprometimento no caso da contaminação por SARS-CoV-2, vindo a ter um pior prognóstico da doença, principalmente em casos que há tratamento com imunoterapia durante a infecção ou pré-existente. Deverão ser realizados novos estudos sobre a temática para que se evitem complicações desses pacientes, além de uma maior precaução quanto aos cuidados para evitar a disseminação do vírus.
Informação da revista
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 545 (novembro 2020)
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 545 (novembro 2020)
919
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PACIENTES ONCOLÓGICOS DIAGNOSTICADOS COM COVID-19 E SEUS PROGNÓSTICOS
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M.A.S. Junior
Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, SP, Brasil
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