
Com o aumento da prevalência de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) no decorrer dos anos, percebe-se a necessidade de realizar adequações nos serviços de saúde onco hematológicos, o que qualifica os profissionais envolvidos e garante um cuidado de qualidade, respeitando a neurodiversidade destas crianças e a situação vivenciada pelas suas famílias.
ObjetivoConhecer os cuidados/intervenções específicas às crianças com TEA durante o tratamento de doenças onco hematológicas.
MétodoTrata-se de um relato de experiência realizado pelos profissionais de enfermagem que atendem pacientes pediátricos em situação de internação hospitalar onco hematológica de um hospital universitário do sul do Brasil.
ResultadosA assistência de crianças em ambiente hospitalar em situação de doença onco-hematológica grave somado ao TEA requer o estabelecimento de diretrizes/cuidados diferenciados para o seu manejo cotidiano. Este cuidado deve iniciar com uma conversa franca com o familiar de referência da criança para entendimento sobre suas dificuldades, necessidades e interesses. Algumas crianças também podem oferecer informações de como precisam ser cuidadas. Frente ao exposto, criou-se um grupo de trabalho para identificar as intervenções específicas para este público. As principais intervenções, até o momento, são: prioridade no atendimento, diminuindo os períodos de espera; evitar salas de espera lotadas, com crianças chorando; evitar locais com sons repetitivos e agudos e diminuir situações de barulho excessivo como falas altas, gargalhadas e máquinas de limpeza ligadas; oferecer ambiente calmo ou espaço para movimentação, salinizando acessos venosos sempre que possível; manter acessos venosos protegidos e cobertos; em caso de crise sensorial, manter ambiente com pouca luz, mínimo de barulho, poucas pessoas e mínimas interferências verbais; espaço de escuta ao cuidador; ajudar o familiar em situações de crise emocional ou sensorial para que o manejo seja adequado; evitar julgamentos da criança e de seu cuidador, principalmente em casos de crise; incluir a neurodiversidade nos registros das condições da criança e na transferência de cuidados entre equipes e turnos.
ConsideraçõesA falta de conhecimento pode negligenciar as necessidades das crianças com TEA, trazendo prejuízos ao tratamento onco hematológico e ao seu desenvolvimento e segurança emocional. O TEA é um desafio para famílias, educadores e profissionais de saúde. A capacitação para situações cotidianas e de crise ainda é muito escassa, porém é evidente a importância da qualificação dos profissionais da área de saúde pediátricos, incluindo pacientes onco-hematológicos. Dentro do contexto pediátrico, a comunicação empática com os pais/cuidadores desta criança torna-se a principal ferramenta para a construção de um cuidado humanizado e de qualidade, como também fortalecimento de vínculos com a equipe assistencial.