
A transfusão de hemocomponentes é um dos procedimentos médicos mais realizados em pacientes hospitalizados. Os testes pré-transfusionais para liberação de concentrados de hemácias (CH) incluem: a tipagem ABO e RhD, a pesquisa de anticorpos irregulares (PAI), a prova de compatibilidade (PC) e a retipagem ABO e RhD da bolsa. O tempo para sua realização é em média 40 minutos, inviável para situações de extrema urgência, sendo necessária uma liberação rápida e segura de hemocomponentes. A simulação em saúde é uma ferramenta utilizada para promover maior segurança na assistência ao paciente e melhor qualidade do atendimento. Pode ser baseada na aplicação de cenários clínicos fictícios a fim de promover habilidades técnicas e competências a serem utilizadas num cenário real. Como resultado temos: maior segurança do paciente e melhoria da qualidade do atendimento em saúde.
ObjetivosDescrever o processo da simulação realística em transfusão de extrema urgência em agências transfusionais de hospitais escolas do Nordeste e discorrer sobre o impacto da simulação na mudança do processo e no tempo de liberação de hemocomponentes.
MetodologiaForam criados seis cenários com situações de transfusão de emergência, sendo avaliado o tempo da liberação do primeiro concentrado de hemácias. Foram distribuídos para dez técnicos que atuam nas agências transfusionais de forma randômica e aplicados nos meses de julho e dezembro/2020. Cada técnico executou a simulação de um dos cenários possíveis. Independente do cenário executado, as simulações iniciavam com uma ligação telefônica onde era informado que havia um paciente com sangramento ativo e impossibilidade de coleta de amostra. O roteiro contemplava 16 requisitos com passos mínimos necessários para a liberação dos hemocomponentes com segurança do processo, sendo cada um avaliado qualitativamente quanto a sua execução. O preenchimento do questionário e a cronometragem do tempo foi realizada por outro profissional da equipe.
ResultadosFoi observado que, na primeira simulação, o tempo de liberação do primeiro CH variou de 40 segundos a 4 minutos e 16 segundos. Considerando os resultados do primeiro simulado tais ajustes foram implantados: o CH para emergência passou a ser retipado e avaliado com teste direto de antiglobulina, foi realizado o preenchimento prévio e fixação da etiqueta de transfusão com os dados de identificação da bolsa, o segmento da bolsa foi retirado antecipadamente, identificado e fixado na mesma e o hemocomponente passou a ser armazenado em gaveta separada e caracterizada. Na segunda simulação, o tempo da liberação variou de 35 segundos a 2 minutos e 12 segundos. Houve a redução do tempo médio de liberação do primeiro concentrado de hemácias em cerca de dois minutos, uma diminuição de 50% do tempo na liberação comparando os dois momentos de aplicação do simulado. Além disso, os profissionais referiram mais segurança na segunda simulação realizada.
ConclusãoEsses dados sugerem que a aplicação da simulação realística em serviço de saúde é fundamental para proporcionar um ambiente reflexivo e de transformação das competências essenciais dos profissionais na assistência ao paciente de qualidade, com segurança e em tempo hábil.