Introdução: Pacientes infectados pelo vírus SARS-CoV-2 podem apresentar acometimentos em diferentes órgãos, podendo, inclusive, evoluir para quadros graves com falência múltipla de órgãos e outras disfunções sistêmicas. Um sinal importante de prognóstico desfavorável é o aparecimento de coagulopatias trombóticas, que aumentam o risco de complicações isquêmicas relacionadas à maior gravidade e risco de morte. Estes eventos tromboembólicos são provenientes de um estado de hipercoagulabilidade associado à doença. Objetivo: Apresentar um caso de complicações tromboembólicas em paciente com COVID-19. Relato de caso: Paciente de sexo masculino, 61 anos, admitido com quadro de febre e dor em fossa ilíaca direita. A tomografia computadorizada de abdome evidenciou pneumoperitônio e consolidação na base pulmonar direita, com padrão em vidro fosco. Houve internação para laparotomia de urgência que evidenciou uma isquemia ileal, sem causa aparente, sendo realizado enterectomia, apendicectomia e ileostomia. O anatomopatológico identificou numerosos trombos venosos recentes e em fase de organização nos vasos mesentéricos. No pós-operatório recebeu antibioticoterapia, suporte clínico, anticoagulantes e foi confirmado o diagnóstico de COVID-19. Posteriormente, evoluiu com fibrilação atrial e síndrome do desconforto respiratório agudo, tendo sido submetido à intubação orotraqueal e iniciado protocolo de tratamento, conforme orientações da OMS e SBMI. Apresentou boa evolução do quadro, recebendo alta do CTI no sétimo dia de pós-operatório. Discussão: As alterações da coagulação presentes em pacientes positivos para o vírus SARS-CoV-2 têm sido denominadas na literatura como coagulopatia associada à COVID-19 (CAC). O mecanismo descrito para tais alterações da coagulação presentes no paciente envolve a grave resposta inflamatória provocada pelo vírus, com o recrutamento de polimorfonucleares, possivelmente armadilhas extracelulares de neutrófilos (NETs) e citocinas. A adesão entre o vírus e receptores ACE2 desempenha importante papel na infecção de células do pulmão e consequente desenvolvimento da doença e viremia. Além disso, a presença desses receptores em células endoteliais é um fator que pode contribuir para interrupção do estado antitrombótico natural, gerando apoptose de células endoteliais e efeitos pró-trombóticos microvasculares. Tais alterações promovem um estado de hipercoagulabilidade com maior suscetibilidade a eventos tromboembólicos sistêmicos, o que foi comprovado histologicamente pela presença dos trombos venosos nos vasos mesentéricos do paciente. A presença de tromboêmbolos em vasos do mesentérios não é um achado amplamente descrito na literatura. Conclusão: A infecção pelo vírus SARS-CoV-2, principalmente em pacientes mais suscetíveis, é capaz de causar graves consequências, como a CAC, a qual pode gerar aumento de morbidade e isquemia. Desta forma, este trabalho busca enfatizar as consequências hematológicas e sistêmicas associadas à COVID-19, e apresentar um caso pouco relatado na literatura de necrose gangrenosa intestinal, associada à comprovação histológica de trombos em mesentério.
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