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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S1100-S1101 (outubro 2024)
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MIMETISMO MOLECULAR E PATOGÊNESE DO VÍRUS DA DENGUE: IMPLICAÇÕES NA HEMOSTASIA
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GT Silveira, ACF Scatone, LM Raymundo, PAF Oliveira, JVDS Bianchi
Centro Universitário São Camilo (CUSC), São Paulo, SP, Brasil
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HEMO 2024

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Objetivos

Explorar o mimetismo molecular entre o vírus da dengue (DENV) e fatores de coagulação humanos, e como essa interação pode levar à produção de autoanticorpos que alteram o equilíbrio da hemostasia. Além disso, analisar as evidências experimentais que mostram como anticorpos induzidos por infecção com DENV se ligam a trombina e plasminogênio, e como esses anticorpos podem interferir na coagulação e fibrinólise. Assim, pretendemos identificar o impacto clínico deste mimetismo molecular na patogênese de complicações graves da dengue, como a febre hemorrágica.

Metodologia

Foram utilizadas as bases de dados ClinicalTrials.gov e PubMed, filtrando pelas palavras-chave: “dengue virus”, “molecular mimicry”, “hemostasis” e “dengue pathogenesis”. A lista de artigos gerados foi adequadamente organizada, excluindo-se os estudos que: (I) não estavam relacionados à infecção pelo vírus da dengue; (II) não envolviam mimetismo molecular.

Resultados

Entre as reações relacionadas à produção de anticorpos anti-DENV por mimetismo molecular, encontramos a produção de autoanticorpos que se ligam a trombina e plasminogênio, interferindo na coagulação e fibrinólise. Além disso, podem reagir de forma cruzada com plaquetas, fatores de coagulação e células endoteliais. Foi relatado, por meio de western blotting, que anticorpos anti-trombina (ATAs) de coelho mostraram atividade cruzada com trombina bovina/humana e plasminogênio. Foi realizado um ensaio cromogênico utilizando o substrato específico da trombina (S-2238), dessa forma viram que as ATAs de coelhos foram capazes de inibir significativamente a atividade da trombina humana em comparação com o grupo controle de Igs de coelho.

Discussão

A partir dos resultados observados nesses estudos, sugere-se que os autoanticorpos produzidos pelo mimetismo molecular produz anticorpos anti-trombina humanos que podem alterar o equilíbrio hemostático e tender ao sangramento em pacientes com dengue hemorrágica, pois além de inibirem a trombina, aumentam a fibrinólise, sugerindo ser um fator relacionado à patogênese da dengue hemorrágica. Além disso, a literatura destaca que fatores virais somados a fatores do hospedeiro, como a produção de autoanticorpos, também podem afetar fatores da coagulação de maneira direta e indireta. Dessa forma, vimos que o mimetismo molecular foi proposto para explicar a indução de anticorpos reativos cruzados aos distúrbios da hemostasia relacionado a dengue hemorrágica, uma vez que previamente foi relatado que existem regiões de proteínas DENV que compartilham homologia de sequências de vários fatores da coagulação.

Conclusão

Mesmo que a interação entre hemostasia, resposta imune e inflamação seja de difícil entendimento, a partir dos dados apresentados podemos observar o agravamento de quadros de pacientes com dengue devido a relação de fatores tanto virais quanto do próprio hospedeiro com a patogenicidade da doença. E neste caso, o uso das técnicas biológicas moleculares e modelos animais podem nos ajudar na análise dessas interações visto que há um desequilíbrio notável causado no organismo por anticorpos e autoanticorpos que interferem em fatores importantes da coagulação.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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