
Este trabalho busca analisar um caso de Linfoma Difuso de Grandes Células B de ovário em uma paciente com recidiva de Leucemia Linfocítica Aguda (LLA) já tratada.
Relato de casoPaciente, feminina, 39 anos, nulípara, procurou atendimento hematológico devido recidiva de LLA, tratada há três anos, manifestando episódios de febre, sudorese noturna e fadiga. Apresentava pancitopenia e biópsia de medula óssea com proliferação blástica (76.5%). Simultaneamente, descobriu-se uma massa anexial à direita em uma ultrassonografia realizada após queixas de dor pélvica nos últimos dois meses. O exame ecográfico revelou que o ovário direito apresentava imagens sólidas hipoecogênicas, sendo que a maior delas media 1 cm, com vasos arteriais visíveis e índice de resistência vascular limítrofe para neovascularização. Diante da suspeita de malignidade ovariana, recomendou-se o esclarecimento da lesão ovariana antes do início do tratamento quimioterápico. Foi realizada a ooforectomia direita com análise intra-operatória por congelação, que identificou uma neoplasia maligna, sendo então ampliada para histerectomia total, salpingo-ooforectomia bilateral e omentectomia. O diagnóstico anatomopatológico definitivo apresentou o ovário direito e esquerdo, com 6,5 cm e 3 cm em seus maiores diâmetros, respectivamente, e o útero exibiu volume de 186 cm³. O exame histológico demonstrou linfoma difuso de grandes células B comprometendo ovários e tubas uterinas bilateralmente, além das camadas de miométrio e endométrio do útero. A avaliação imuno-histoquímica revelou positividade para os marcadores CD20, CD10, CMYC, MUM 1, Bcl 2, Bcl 6 e PAX5, com índice proliferativo pelo Ki-67 de 95%, perfil compatível com o diagnóstico histológico. No seguimento pós-operatório, foi indicada a complementação do tratamento com quimioterapia em esquema padronizado para recidivas de LLA (Fludarabina + Citarabina + Daunorrubicina), com plano de realizar transplante de medula óssea futuramente.
DiscussãoO Linfoma Difuso de Grandes Células B (DLBCL) é o tipo mais comum de linfoma não-Hodgkin, frequentemente afetando o trato gastrointestinal, enquanto a ocorrência em órgãos ginecológicos é muito rara. Neste caso, o DLBCL foi diagnosticado em ovários de uma paciente com recidiva de LLA, evidenciada por sintomas como febre, sudorese noturna, fadiga, pancitopenia e proliferação blástica na medula óssea. A massa anexial direita, sugestiva de malignidade, levou a uma ooforectomia, histerectomia total e salpingo-ooforectomia bilateral. O diagnóstico de DLBCL, com alta taxa de proliferação celular (Ki-67 de 95%), indica um comportamento agressivo da doença. O tratamento inclui quimioterapia com Fludarabina, Citarabina e Daunorrubicina, com consideração de transplante de medula óssea devido à localização múltipla do linfoma. A singularidade e os desafios associados a este caso enfatizam a necessidade de uma abordagem terapêutica abrangente para otimizar o desfecho clínico da paciente.
ConclusãoEste relato de caso evidencia a rara manifestação de Linfoma Difuso de Grandes Células B nos ovários, em uma paciente com recidiva de LLA. O manejo clínico demandou uma abordagem cirúrgica extensa, seguida de um regime quimioterápico especializado e a potencial inclusão de transplante de medula óssea, considerando a localização multifocal da doença. A complexidade do caso ressalta a necessidade de uma estratégia multidisciplinar para otimizar o tratamento e o prognóstico da paciente.