
Descrever características clínicas, tipos de terapêutica e linhas de tratamento dos pacientes com Mieloma Múltiplo (MM).
MetodologiaTrata-se de uma coorte retrospectiva baseada na análise de registros de 438 prontuários no período de 2018 a 2024. Foram selecionados 40 registros ao acaso da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON), em Feira de Santana-Bahia. Os critérios de inclusão foram: diagnóstico confirmado de MM, atendimento e tratamento recebidos na unidade de saúde estudada. Os dados foram catalogadosatravés de um formulário padronizado que incluiu os parâmetros: tipo de MM, Sistema de Estadiamento Internacional (ISS), características clínicas ao diagnóstico (anemia e níveis médios de hemoglobina, lesão óssea, disfunção renal), tipo de tratamento e número de linhas terapêuticas.
ResultadosEm relação ao tipo de MM, estadiamento e diagnóstico, houve opredomínio do tipo IgG Kappa (42,5%), seguido de IgG Lambda (22,5%), IgA Lambda (15%), IgA Kappa (12,5%), Cadeia Leve Lambda e Kappa tiveram 2,5% cada. Acerca do estadiamento ISS, 32,5% estádio III, 27,5% estádio II, 15% estádio I e 25% não tinham registro. Quanto ao diagnóstico, 62,5% através do mielograma, 30% por biópsia de medula óssea e 7,5% por biópsia de outros tecidos. A lesão óssea foi a característica clínica mais prevalente (95%), a anemia (92,31%), com uma média de hemoglobina de 10,06 g/dL (um paciente foi excluído dessa análise devido à falta de informação no prontuário). Cerca de 12,5% dos pacientes apresentaram disfunção renal. Sobre o tratamento, 45% fizeram uso de um tipo de terapia, 22,5% dois tipos de terapias, 30% três tipos e 2,5% quatro tipos. Quanto ao esquema terapêutico, o Cybord foi utilizado em 27,27% dos casos, Ciclofosfamida, Talidomida e Dexametasona 22,08%, Melfalano e Prednisona 15,58%. A Talidomida em 11,69% dos casos. Bortezomibe e Dexametasona e Melfalano, Dexametasona e Talidomida foram utilizados em 7,79% e 6,49%, respectivamente. Daratumumabe e Lenalidomida, foi utilizado em 2,60%. As terapias Interferon, Ciclofosfamida e Dexametasona, Ciclofosfamida, Cisplatina e Etoposídeo, Vincristina, Doxorrubicina e Dexametasona e Bortezomibe, Talidomida e Dexametasona (VTD) representaram, cada uma, 1,30% dos esquemas terapêuticos utilizados.
DiscussãoO MM possui uma diversidade de características clínicas. O subtipo IgG Kappa, o diagnóstico, que ocorreu predominantemente pelo mielograma, e os achados clínicos, como lesões ósseas e anemia, corroboram com dados da literatura. O esquema Cybord, que liderou as escolhas terapêuticas no estudo, é amplamente reconhecido pela sua eficácia. A diversidade de esquemas terapêuticos utilizados evidencia a necessidade de adaptar o protocolo de tratamento de acordo com as características clínicas do paciente e da doença.
ConclusãoO estudo revelou a complexidade e a diversidade no tratamento do MM em um serviço de referência no interior da Bahia, destacando um perfil de doença grave, com presença de complicações clínicas associadas à esta patologia. A poliquimioterapia é recorrente nos pacientes com MM, visto que é uma doença incurável e com múltiplas recidivas. A análise detalhada das características clínicas reforça a importância de personalizar o tratamento visando um melhor prognóstico para o paciente.