
A Mielofibrose é um câncer que afeta a medula óssea, do grupo das doenças mieloproliferativas crônicas. Pode se manifestar de duas formas: primária, quando não existe uma causa conhecida, e secundária, quando decorre de outras condições como trombocitemia essencial (TE) ou policitemia vera (PV), que também fazem parte desse grupo de doenças.
ObjetivoO objetivo do estudo foi produzir uma análise descritiva sociodemográfica dos pacientes atendidos pela Mielofibrose no SUS, quanto às suas internações, procedimentos ambulatoriais e locais de atendimento, além de óbitos pelo agravo no Brasil no período de 2018 a 2022.
MetodologiaDados públicos do Datasus foram utilizados, abrangendo internações hospitalares, procedimentos de alta complexidade para quimioterapia, produção ambulatorial e mortalidade para os CIDs C94.5 para Mielofibrose Aguda e D47.1 para Doença Mieloproliferativa Crônica. As variáveis analisadas incluíram sexo, faixa etária, raça/cor, município de residência e tratamento, local do procedimento/internação, custo, tipo de procedimento, ano de diagnóstico e óbito. A organização e análise dos dados foram realizadas com Microsoft Excel e Power BI.
ResultadosEntre 2018 e 2022, houve 2.957 internações para Mielofibrose, majoritariamente de homens (54,8%), com a maioria dos pacientes sendo brancos (51,6%) e na faixa etária de 60-69 anos (27,7%). A maioria das internações ocorreu em municípios diferentes dos de residência (71,2%). São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro foram os estados com mais internações. O custo médio por internação foi R$ 4.218,82. Já em se tratando de quimioterapia, foram registrados 9.346 pacientes e 204.431 procedimentos, sendo a quimioterapia de 1ª linha o mais realizado. Mulheres representaram 54,5% dos pacientes, com a faixa etária de 60-69 anos predominante (31,8%). São Paulo liderou em número de pacientes e procedimentos. O custo médio por procedimento foi R$ 339,87. No âmbito ambulatorial, estimou-se 5.912 pacientes em 230.306 procedimentos realizado, com São Paulo novamente liderando em números (77.278). Mulheres e homens foram quase igualmente afetados, com a faixa etária de 60-69 anos novamente mais prevalente. A maioria dos pacientes realizou procedimentos fora de seu município de residência. Já para mortalidade, houve 1.556 óbitos por Mielofibrose no período estudado, predominantemente entre homens (54,8%) e pacientes de 70-79 anos (31,1%). São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro registraram juntos mais de 50% dos óbitos.
Discussão e conclusãoA Mielofibrose é uma doença complexa, afetando principalmente idosos, e impactando significativamente a qualidade de vida. Diagnóstico precoce e tratamento adequado são essenciais, e o apoio contínuo de profissionais de saúde, familiares e comunidade é crucial para enfrentar os desafios físicos e emocionais da vivência com a doença. Por se tratar de uma doença rara, com baixa incidência e limitada produção acadêmica, é necessário que cada vez mais estudos sejam realizados para entender os pacientes e embasar políticas públicas para melhorar seu diagnóstico e tratamento no Brasil.