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Informação da revista
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 510 (novembro 2020)
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859
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MANIFESTAÇÕES DOLOROSAS EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DOENÇA FALCIFORME
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G.A.R. Verasa, S.S. Liraa, C.M.I. Lopesa, A.C.A.E. Lunaa, K.M.G. Marquesb, V.A. Menezesa
a Universidade de Pernambuco (UPE), Recife, PE, Brasil
b Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife, PE, Brasil
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Objetivo: Analisar a prevalência, o perfil da dor e os seus fatores desencadeantes em crianças e adolescentes com a doença falciforme. Material e métodos: Trata-se de um estudo transversal realizado com 80 pacientes com diagnóstico clínico e laboratorial de doença falciforme, de ambos os sexos, na faixa etária de 6 a 18 anos, atendidos no Centro de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (HEMOPE). Para análise do perfil da dor nos pacientes com a DF foi aplicado um formulário, por uma única pesquisadora, que foi validado com 20% dos pais e/ou responsáveis. As crianças/adolescentes e os pais/responsáveis responderam perguntas relacionadas à presença de dor nos últimos três meses, à localização da dor, à frequência, à duração, aos possíveis fatores desencadeantes, ao tipo e à capacidade da dor em interferir na rotina diária. Para avaliação da intensidade da manifestação dolorosa foi utilizada a escala visual analógica. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética do HEMOPE sob o número de parecer 2.934364. Resultados: Verificou-se que 68,7% dos pacientes relataram dor; destes 23,6% disseram que essa dor ocorria com muita frequência e 52,7% relataram ser de intensidade forte, apresentando repercussões na sua rotina diária. Em relação aos fatores desencadeantes, os físicos apresentaram maior percentual (78,2%). Os locais mais comuns de relato de dor foram o tronco (80%) e os membros inferiores (54,5%); os tipos de dores mais frequentes foram em forma de aperto (40%) e profunda (40%). Discussão: Todos os participantes consideraram que a dor tinha relação direta com a DF e houve diferenças no que se refere ao tipo e à intensidade da dor. A dor profunda e a dor em aperto foram os tipos mais prevalentes. Em relação à intensidade, a dor considerada forte foi de 52,7%. Assim como os resultados encontrados neste estudo, outros observaram que para a maioria das crianças a intensidade da dor é também considerada forte e que na avaliação do tipo da dor as crianças relataram ser em forma de aperto (Yaster et al., 2000; Dias et al., 2013). A presença de dor esteve relacionada a fatores desencadeantes, sendo o fator físico considerado o mais prevalente. Estudos anteriores se referem às crises dolorosas como frequentemente espontâneas, podendo ser precipitadas por infecções, desidratação, acidose, hipóxia, estresse físico, fadiga, mudanças de temperatura e altitudes elevadas (Freire et al., 2015). Com relação à localização da dor, a maioria referiu-se à região do tronco e dos membros inferiores. Um estudo evidenciou que os pré-escolares com DF apresentavam predominantemente dor nos membros, enquanto os escolares e adultos jovens queixavam-se mais de dor no tronco (Shapiro, 1989). Conclusão: Crianças e adolescentes com doença falciforme apresentaram percentual elevado de crises dolorosas e os fatores físicos, como frio, trauma e esforço, foram considerados os mais prevalentes pelo seu desencadeamento. Faz-se necessário a criação de estratégias que favoreçam a implementação de políticas públicas para prevenção das crises, a fim de modificar positivamente o curso da doença e melhorar a qualidade de vida dos envolvidos.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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