Trombocitopenia Imune (PTI) é uma doença autoimune caracterizada por plaquetopenia isolada, podendo apresentar ou não sangramento cutâneo-mucoso e até hemorragia com risco de morte. PTI é uma doença hemorrágica adquirida comumente encontrada na prática clínica. O Serviço de Hematologia do Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará (HUWC - UFC) é o centro de referência do estado para acompanhamento e tratamento dos pacientes adultos portadores de PTI. No ano de 2015, 254 pacientes foram atendidos em consulta com plaquetopenia. A avaliação laboratorial da trombocitopenia mostrou que 19 (7,5%) pacientes apresentam plaquetopenia de causas não imunológicas, a citar: deficiência de vitamina B12, mielodisplasia, pseudoplaquetopenia, púrpura trombocitopênica trombótica e trombocitopenia hereditária. Os demais 235 (92,5%) pacientes são portadores de PTI, sendo 187 diagnosticados com idade ≥ 18 anos e 48 iniciaram seguimento antes dos 18 anos de idade. Considerando o estudo de série dos pacientes adultos, a abordagem quantitativa mostrou: 154 (82,35%) do sexo feminino, idade média de 42±16,62 anos (mínimo: 18 anos e máximo: 88 anos); 145 (80,56%) com manifestações hemorrágicas, em ordem de frequência: equimose, petéquia, gengivorragia, sangramento menstrual, epistaxe, hematoma e pós-extração dentária. Um paciente apresentou sangramento de sistema nervoso central ao diagnóstico. O valor médio das plaquetas do encaminhamento de 143 dos pacientes diagnosticados na idade adulta é 62.000/mm3 (mínimo: 1.000/mm3 e máximo: 167.000/mm3), sendo 55 (38,46%) com plaquetas<30.000/mm3 e 37 (25,87%) com contagem de plaquetas ≤ 20.000/mm3, ou seja risco acrescido de sangramento e indica-se terapia com intuito de parar sangramento e levar à remissão completa (plaquetas ≥ 100.000/mm3) ou pelo menos à resposta com plaquetas>30.000/mm3. Considerando os exames solicitados nos 187 pacientes: 167 (88,7%) realizaram teste para HIV, 169 (90,37%) realizaram teste para vírus hepatite C (HCV), 148 (82,25%) realizaram fator antinuclear (FAN), 121 (64,7%) para anticoagulante lúpico e 157 (83,95%) realizaram mielograma. Seis (3,22%) pacientes realizaram pesquisa do Helicobacter pylori. Nenhum paciente testado para HIV foi positivo. Dezoito (9,6%) dos pacientes diagnosticados na idade adulta apresentam PTI secundária associada, a citar: lúpus eritematoso sistêmico (5 casos), síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (5 casos), infecção por Helicobacter pylori (2 casos), leucemia linfóide crônica (1 caso), infecção pelo vírus hepatite C (1 caso), linfoma folicular (01 caso). Em conclusão, esse estudo descreve características clínicas e laboratoriais dos portadores de PTI acompanhados no serviço de Hematologia do HUWC-UFC. Por ser a PTI considerada diagnóstico de exclusão devido à falta de teste laboratorial específico, esse trabalho reforça a importância da avaliação dos pacientes com plaquetopenia, tanto para exclusão de causas não imunológicas quanto para o diagnóstico de trombocitopenia imune primária ou secundária. Assim, orienta-se que, após anamnese e exame físico detalhado, estudo do esfregaço periférico, sorologias para HIV e para HVC, anticorpos antifosfolipídeos e fator antinuclear sejam realizados em todos os pacientes com suspeita de PTI. O mielograma está recomendado em pacientes acima de 60 anos de idade.
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