
Relatar o caso de uma paciente de 78 anos de idade com diagnóstico de linfoma intravascular de células B com resposta completa após 4 ciclos de R-mini-CHOP do idoso.
Materiais e métodosAs informações foram colhidas por meio de revisão do prontuário, entrevista com a paciente e com fotografias de métodos diagnósticos.
ResultadosPaciente feminina de 78 anos de idade, com quadro subagudo e progressivo de fraqueza de membros inferiores, retenção urinária, confusão e perda de peso. Tinha como antecedentes patológicos hipertensão, neuralgia do trigêmio, e ressecção de meningioma em fossa anterior 11 anos antes. Na admissão, o exame neurológico demonstrava confusão mental, com paraparesia espástica assimétrica (pior no membro inferior direito) e déficit sensorial ao nível de T4. Os exames de neuroimagem demonstravam eventos vasculares isquêmicos recentes e subagudos nas áreas de fronteiras vasculares interna e externa bilaterais dos hemisférios cerebrais. Devido pancitopenia com aumento de DHL, a paciente foi submetida a biópsia de medula óssea, que evidenciou infiltração por linfoma não hodkin de células B de localização predominantemente intravascular. O PET-CT mostrava discreta hipercaptação medular. A paciente foi submetida a Poliquimioimunoterapia com o esquema de seus ciclos de R-mini-CHOP do idoso, evoluindo com melhora progressiva da paraparesia, da confusão mental e das citopenias. O PET-CT após o 4°ciclo não mais apresentava hipercaptação medular. Para complementar a avaliação de resposta, foi feita outra biópsia de medula óssea após o 6° ciclo.
DiscussãoO linfoma intravascular de grandes células B (LIVGCB) é um tipo raro de linfoma B extra-nodal de curso agressivo, que pode afetar múltiplos órgãos, incluindo o sistema nervoso central (SNC). Sua principal característica é o fato de as células tumorais estarem limitadas ao lúmen de vasos de pequeno calibre. Os sítios mais envolvidos são classicamente a pele e o SNC. O diagnóstico do LIVGCB é desafiador pois faltam achados de imagem ou laboratoriais específicos, com PET-CT usualmente negativo devido ao predomínio intravascular do tumor. Esse caso é importante para alertar sobre a combinação dos achados neurológicos com pancitopenia pode revelar uma doença muito grave e subdiagnosticada. Ressaltamos também a resposta completa com o tratamento específico.