Introdução: A Leucemia Mielomonocítica Crônica (LMMC) representa uma neoplasia hematológica com características clínicas e patológicas interpostas entre as Neoplasias Mieloproliferativas (NMP) e Síndromes Mielodisplásicas (SMD), caracterizada por monocitose absoluta (> 1.000/μL) e relativa (> 10% do total de leucócitos) no sangue periférico e displasia da linhagem mielóide na medula óssea (MO). O objetivo é relatar um caso de LMMC com alteração citogenética específica e evolução desfavorável em seguimento no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP). Material e métodos: Coleta de dados de prontuário clínico. Relato de caso: Homem, 73 anos, assintomático, encaminhado em janeiro de 2018 à Hematologia do HCRP devido à leucocitose, com desvio escalonado e monocitose absoluta. Realizado mielograma com achado de série granulocítica hipercelular e ausência de displasia e excesso de blastos (< 5%). A biópsia de MO mostrava-se hipercelular para a idade com aumento absoluto da celularidade da série granulocítica e sinais de displasia nas séries granulocítica e megacariocítica. O cariótipo da MO era 46, XY. Prosseguiu-se a investigação com realização da pesquisa qualitativa de BCR-ABL1, mutação V617F do gene JAK2, mutação do éxon 9 do gene da Calreticulina (CALR) e mutação do gene CSF3R, todas com resultados negativos. Em maio de 2019, paciente evoluiu com monocitose relativa no sangue periférico sendo definido o diagnóstico de Leucemia Mielomonocítica Crônica. Devido à elevação progressiva do número dos leucócitos e esplenomegalia sintomática, iniciado Hidroxiureia para citorredução com resolução. Após 12 meses, apresentou nova piora laboratorial e clínica a despeito da hidroxiureia sendo realizada nova avaliação medular com achado de displasia granulocítica e excesso de blastos (8%). O cariótipo de MO evidenciou população clonal com cariótipo 46, XY e presença de isocromossomo 17q em 18 das 20 metáfases. Nesse momento foi iniciada Citarabina subcutânea para controle. Discussão: No caso apresentado, o diagnóstico de LMMC foi estabelecido pela documentação de monocitose persistente no sangue periférico, associada à displasia de mais de uma linhagem e exclusão de outras entidades diagnósticas. Foi demonstrada leucocitose ascendente e elevação da proporção de formas jovens na medula óssea e sangue periférico ao longo do curso da doença, associado a evolução clonal evidenciada por nova alteração citogenética: presença do isocromossomo 17q. As alterações citogenéticas estão presentes em cerca de 20 a 40% dos casos de LMMC e estão associadas com o risco de evolução para leucemia aguda e consequentemente com o prognóstico da doença. As mais comuns são: trissomia do cromossomo 8, deleção do Y e alterações do cromossomo 7 (monossomia do 7 e deleção 7q). A presença de isocromossomo 17q é relacionada à pior prognóstico e evolução mais frequentes para leucemia mieloide aguda. Sugere-se que a evolução clínica desfavorável está relacionada à perda de um dos deleção/mutação de um alelo do gene TP53. Conclusão: A LMMC constitui uma entidade de difícil diagnóstico, em que as alterações citogenéticas, quando presentes, devem ser valorizadas na estratificação de risco e avaliação prognóstica. A presença de isocromossomo 17q, como no caso relatado, pode estar associada a presença de características clínicas e morfológicas específicas, relacionadas a desfecho clínico desfavorável.
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