
Avaliar os resultados dos tratamentos de pacientes com Leucemia Mieloide Aguda Secundária (sLMA) do Serviço de Oncohematologia do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), avaliar a sobrevida através da curva de Kaplan-Meier e ainda avaliar as características dos pacientes e diagnósticos prévios à transformação leucêmica.
Material e métodotrata-se de um trabalho retrospectivo com análise de prontuários dos pacientes diagnosticados com sLMA de 2016 a 2020 no ambulatório de oncohematologia do CHS. A análise ocorreu após autorização obtida via Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As informações foram coletadas e transferidas para um computador, onde foram avaliadas estatisticamente.
Resultados80 pacientes foram diagnosticados com Leucemia mieloide aguda (LMA) no período descrito. Destes, 22 (31.25%) foram diagnosticados com sLMA. A idade dos pacientes deste grupo variou de 28 a 81 anos, com média de 58.09 anos e mediana de 61 anos. Metade dos pacientes, ou seja, 11 tinham mais de 60 anos. Com relação à etiologia das LMA, foi observado que 18 (81.82%) eram secundárias à Síndrome Mielodisplásica (LMA/SMD), duas (9.09%) eram secundárias à Leucemia Mieloide Crônica e duas (9.09%) secundárias à tratamentos quimioterápicos. Quanto à sobrevida, observou-se que variou de 0.3 a 43 meses, com uma média de 10 meses e mediana de 4.5 meses. A Curva de Kaplan-Meier pôde ser traçada com os dados obtidos e demonstrou que 11 (50%) dos pacientes foram a óbito antes de 4 meses e apenas 1 (4.54%) chegou a 43 meses. A grande maioria foi tratada com esquema com Citarabina em baixas doses, alguns com azacitidina e 1 paciente com azacitidina associada à venetoclax. Dos 22 pacientes com sLMA, 18 evoluíram para óbito, enquanto 4 ainda se encontram em tratamento.
DiscussãoA LMA faz parte de um grupo de neoplasias malignas que ocorrem no sangue e na medula óssea. As mutações que surgem nas células base da hematopoiese são responsáveis por aumentar a velocidade de produção, reduzir a apoptose e bloquear a diferenciação, eventos característicos da LMA. Classificamos como sLMA quando essas alterações genéticas se originam após exposição a agentes mutagênicos, como tratamentos quimioterápicos e radioterápicos, ou caso o indivíduo possua história pregressa de patologias hematológicas. Como pôde ser observado, a sLMA abrange de 25% a 35% de todos os casos de LMA, a desordem hematológica que causa a sLMA com maior frequência é a SMD, 81.82% dos casos descritos e, comumente, acomete pacientes idosos (50% > 60 anos) com comorbidades, inelegíveis à quimioterapia intensiva. Isso faz com que o prognóstico seja reservado tendo média de 9 a 12 meses de sobrevida após início do tratamento e apresente uma curva de Kaplan-Meier com 50% de queda já nos primeiros meses.
ConclusãoA frequência de sLMA no ambulatório de oncohematologia do CHS foi de 31.25% e a SMD foi a principal etiologia (81.82%), atingindo principalmente pacientes acima dos 60 anos. A sobrevida variou de 0.3 meses a 43 meses, estando de acordo com a literatura. Os tratamentos utilizados foram os disponíveis no Sistema Único de Saúde.