Relatar um caso de leucemia linfocítica crônica em paciente jovem com infiltração em Sistema Nervoso Central (SNC).

Paciente masculino, 46 anos, com diagnóstico de leucemia linfocítica crônica há 13 anos, evoluiu com critérios clínicos/laboratoriais para tratamento da doença. Recebeu esquema disponível FC (fludarabina com ciclofosfamida) com progressão da doença após 3 ciclos e plaquetopenia importante. Iniciado então tratamento com inibidor de BTK (ibrutinib). Poucos dias após iniciar a medicação, apresentou um quadro de acidente isquêmico cerebral transitório. Realizou RM de crânio que evidenciou múltiplas lesões cortico/subcorticais sugestivas de infiltração neoplásica. Feito líquor com imunofenotipagem que evidenciou 19% de células de linhagem B maduras monoclonais, confirmando a infiltração pela doença de base. Paciente seguia assintomático do ponto de vista neurológico e com boa resposta laboratorial ao tratamento quimioterápico instituído e optou-se por manter a medicação.

Após 3 meses do evento isquêmico cerebral, mantendo o tratamento oral com ibrutinib, foi realizada uma nova ressonância de crânio que evidenciou desaparecimento completo das lesões neoplásicas. Paciente segue com o tratamento, assintomático e em remissão clínico-laboratorial da leucemia linfocítica crônica.

A Leucemia Linfocítica Crônica (LLC) é um tipo de leucemia de crescimento lento, caracterizada pelo acúmulo progressivo de linfócitos B malignos fenotipicamente maduros. É disseminado por via hematogênica, podendo se espalhar para outros órgãos como nódulos linfáticos, fígado e baço. A LLC é um dos tipos mais comuns de leucemia crônica em adultos, mais frequente de 65 a 74 anos, com o dobro de chance de ocorrer em homens. A infiltração em SNC pela doença é extremamente rara e ocorre em menos de 1% dos casos. Os sinais e sintomas relacionados a doença podem estar ausentes ou podem incluir linfadenopatia, esplenomegalia, hepatomegalia, febre, sudorese noturna e perda ponderal. O tratamento é adiado até que os sintomas se desenvolvam e geralmente envolve quimioterapia e imunoterapia.

Trata-se de um raro caso de leucemia linfocítica crônica em paciente jovem que evoluiu com infiltração em SNC, sendo tratado com sucesso até o momento.