Compartilhar
Informação da revista
Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S125 (outubro 2024)
Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S125 (outubro 2024)
Acesso de texto completo
INTENSA LEUCOCITOSE COM ALTA CONTAGEM ABSOLUTA DE LINFÓCITOS E ELEVADO PERCENTUAL DE REATIVIDADE EM PACIENTE PEDIÁTRICO COINFECTADO POR ROTAVÍRUS E EPSTEIN-BARR VÍRUS: UM RELATO DE CASO
Visitas
382
AP Soares, PM Oliveira, CF Matias, LAM Oliveira, MT Inabe, CFH Granato
Grupo Fleury, São Paulo, SP, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

Mais dados
Objetivos

Relatar e discutir o caso de intensa leucocitose durante o curso da coinfecção pelos vírus Epstein-Barr (EBV) e Rotavírus (RV), acompanhado na unidade hospitalar Beneficência Portuguesa do Grupo Fleury.

Materiais e métodos

Foram avaliados os resultados dos exames de hemograma e bioquímica realizados no período de jul/2024.

Resultados

Indivíduo do sexo masculino, 1 ano e 6 meses, deu entrada no Pronto Atendimento infantil apresentando febre e diarreia. Observou-se no hemograma, intensa leucocitose (67.090/mm3) com alta contagem de linfócitos (49.160/mm3), sendo 80% reativos. As séries, vermelha e plaquetária não exibiram alterações significativas. Nos exames bioquímicos, observaram-se alterações nos marcadores enzimáticos e na dosagem de eletrólitos. As enzimas hepáticas e a Proteína C reativa mostraram-se ligeiramente elevadas, assim como os íons potássio e cálcio, enquanto sódio, magnésio e fósforo apresentaram ligeira diminuição (AST: 99 U/L; ALT: 44 U/L; DHL: 703 U/L; GGT: 172 U/L; CA++: 1,46 mmol/L; Mg+: 1,5 mg/dL; K+: 5,6 mEq/L; Na+: 135 mEq/L; PCR: 1,24 mg/dL). O paciente realizou exames complementares, sorologias e detecção de RV nas fezes. A sorologia resultou positiva para EBV e a pesquisa para RV também apresentou resultado positivo.

Discussão

Linfócitos reativos são mais comumente associados a infecções virais. Eles possuem características morfológicas distintivas dos linfócitos normais, como pleomorfismo celular, basofilia e cromatina intermediária. Algumas viroses, como a mononucleose infecciosa, são conhecidas por apresentarem alta reatividade linfocitária. O patógeno responsável pela mononucleose infecciosa, popularmente conhecida como “doença do beijo”, é o EBV. Pertencente à família Herpesviridae e ao gênero Lymphocryptovirus, seu genoma é constituído por DNA de fita dupla (dsDNA), possui capsídeo icosaédrico e envelope lipídico. Seu ciclo infeccioso apresenta estados latentes e líticos, e, além da mononucleose, a infecção por EBV está associada a uma síndrome rara conhecida como linfohistiocitose hemofagocítica (EBV-HLH). O RV, é um dos principais causadores de gastroenterites infecciosas agudas. Pertencente à família Reoviridae e estruturalmente um vírus não envolto de simetria icosaédrica, seu genoma é constituído por fita dupla de RNA (dsRNA), e infecta os enterócitos, causando danos ao citoesqueleto celular. Durante o curso desta incomum coinfecção, foram observadas alterações bioquímicas, incluindo elevação nas enzimas hepáticas comuns na infecção por EBV, combinadas com o distúrbio eletrolítico causado pela desidratação derivada da infecção por RV. O mecanismo imunológico relacionado à intensa leucocitose com linfócitos reativos envolve respostas celulares e citocinas específicas (INF-γ, IL-6, IL-10 e TNF-α).

Conclusão

A coinfecção por EBV e RV é incomum, embora já tenha sido relatada na literatura. As manifestações clínicas são variadas devido à complexa interação entre os vírus e o sistema imune do hospedeiro, como a intensa leucocitose observada neste caso. A presença de linfócitos reativos e a confirmação sorológica e antigênica foram fundamentais para o manejo adequado do paciente, destacando a importância de um diagnóstico diferencial preciso.

O texto completo está disponível em PDF
Baixar PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas