Objetivo: Relatar um caso de infecção grave por COVID-19 em paciente com Hemoglobinúria Paroxística Noturna (HPN) em terapia contínua com agente anti-C5. Metodologia: Os dados foram obtidos de forma sistemática por meio de entrevista e revisão de prontuário, após autorização prévia do paciente. Relato de caso: Homem, 46 anos, com HPN desde 2003, em uso de Eculizumab 900 mg quinzenal desde 2012, com doença controlada. Deu entrada no serviço de emergência do HB-SJRP referindo dispneia, tosse seca e febre há 5 dias. Encontrava-se eupneico, em uso de cateter nasal O2, com aumento expressivo de DHL e citopenias; TC de Tórax com infiltrado em vidro fosco em mais de 50% dos campos pulmonares e PCR COVID-19 positivo. Fez uso de Eculizumab 9 dias antes da admissão, sem alterações laboratoriais na época. Foi iniciado Ceftriaxona e Azitromicina. Após 48 horas apresentava-se eupneico, em máscara de reservatório O2, piora das citopenias e aumento do D-dímero, sendo iniciado tromboprofilaxia, filgrastim, antecipado o Eculizumab. Evoluiu inicialmente com queda expressiva do D-dímero e do DHL. Porém, apresentou insuficiência respiratória, com necessidade de ventilação mecânica, hemodiálise, suporte transfusional de hemácias; isolado Klebsiella Pneumoniae ESBL em hemoculturas, evoluindo com choque refratário e óbito. Discussão: A HPN é doença hematopoética clonal, que afeta as três séries celulares, levando à hemólise, falência medular, trombose. A hemólise é mediada pelo sistema complemento, sendo opção de terapia o uso de anticorpos monoclonais direcionados a seus componentes, como anti-C5. Na resposta à infecção viral por COVID-19, há predomínio da imunidade celular, porém, não se sabe até o momento sobre a relevância do sistema complemento na depuração viral. Sabe-se que em casos graves ocorre ativação maciça, com piora da anemia e ativação da cascata da coagulação. No momento não há evidências de que o uso de tais fármacos aumente o risco de infecção ou favoreça formas graves. Em relação à falência medular, sabe-se que em infecções virais podem ocorrer citopenias, principalmente leucopenias, predispondo a infecções secundárias; o uso de G-CSF transitório deve ser considerado em casos de neutropenias graves. Em relação ao estado pró-trombótico comum a ambas as condições, a tromboprofilaxia é sugerida e o D-dímero alto um marcador de mau prognóstico. Conclusão: A HPN é uma condição clinicamente heterogênea, sem evidências até o momento de que a doença ou o tratamento da mesma predisponha à infecção por coronavírus ou desenvolvimento de formas graves da COVID-19. Existem poucas recomendações quanto à proposta terapêutica ideal de pacientes com HPN e COVID-19, entretanto, presume-se que o bom controle da HPN e de suas repercussões clínicas favoreça a boa evolução do paciente.
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