Objetivos: As transfusões de hemocomponentes, mesmo quando bem indicadas, podem levar a reações adversas ao paciente. As reações transfusionais têm incidência desconhecida, devido principalmente à subnotificação de casos. No Brasil, a frequência de notificações de reações transfusionais vem aumentando com a implantação do sistema NOTIVISA. Nosso objetivo é avaliar a incidência de reações transfusionais imediatas em um hospital terciário na cidade de São Paulo. Materiais e métodos: Foi realizado um levantamento retrospectivo de todas as reações transfusionais imediatas investigadas e notificadas desde a abertura do hospital, no período de 01/07/2015 a 30/06/2020, e registradas no Departamento de Hemoterapia. Trata-se de um hospital terciário que atende maternidade de alto risco, pacientes do programa de transplante hepático e renal, e pacientes oncológicos entre outras especialidades. Resultados: Houve um total de 119 reações transfusionais imediatas confirmadas em nosso serviço, no período acima citado, de um total de 16819 transfusões realizadas, o que equivale a uma média anual de 0,83% das transfusões. As reações mais frequentes foram reação alérgica e reação febril não hemolítica (RFNH). As reações observadas foram: reação alérgica (84/119, ou 71%), RFNH (22/119, ou 18%), TACO (5/119, ou 4%), distúrbio metabólico (3/119, ou 3%), contaminação bacteriana (2/119, ou 2%), reação hemolítica aguda (1/119, ou 1%), hipotensão (1/119, ou 1%) e TRALI (1/119, ou 1%). Discussão: A incidência de reações transfusionais imediatas em nosso serviço está abaixo da meta estabelecida pelo SHOT, de < 2%. Em nosso serviço, temos alguns protocolos institucionais para minimizar a frequência de reações transfusionais tais como: deleucotização de concentrados de hemácias em menos de 48 horas após a coleta; irradiação universal; fenotipagem profilática de acordo com a doença de base; verificação de histórico transfusional e protocolos de deleucotização e irradiação no sistema informatizado; protocolos de procedimentos especiais para os pacientes que já tiveram história de reações transfusionais, tais como aliquotagem, lavagem e redução de plasma, como condutas preventivas; cultura universal em plaquetas; coleta de PFC apenas de doadores do sexo masculino e nulíparas. Também instituímos a busca ativa de reações em pelo menos 10% das transfusões mensais a partir de setembro de 2017. Além disso, notificamos no NOTIVISA 100% das reações transfusionais conforme o Marco Conceitual e Operacional de Hemovigilância – ANVISA 2015, apresentamos os casos no Comitê de Auditoria Transfusional, realizamos a notificação via SINAPSE (sistema informatizado interno de notificação de eventos adverso), com o objetivo de compartilhar as reações transfusionais com as áreas, estimulando assim o reconhecimento precoce pelos profissionais de enfermagem dos eventos e reportamos aos Bancos de sangue terceiros do destino dos hemocomponentes (transfusão, descarte ou reação transfusional). Conclusão: A notificação e investigação adequadas das reações transfusionais são importantes para verificar a real incidência de reações transfusionais no Brasil. Os protocolos instituídos em nosso serviço são de grande importância para manter a meta de menos de 2% de reações transfusionais em todas as transfusões realizadas.
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Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 392 (novembro 2020)
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