Objetivos: O objetivo do presente estudo foi estabelecer protocolos para a investigação de aloanticorpos eritrocitários em pacientes internados no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF). A transfusão de hemocomponentes é capaz de salvar e melhorar a qualidade de vida, não apenas diretamente em situações de emergência e doenças agudas ou crônicas, mas também no suporte em cirurgias, em doenças oncológicas e transplantes de medula óssea. É um dos cinco procedimentos médicos mais realizados no mundo e prescrito em aproximadamente 10% dos pacientes internados, mas pode resultar em complicações, como o desenvolvimento de aloanticorpos. A maioria dos aloanticorpos apresenta significado clínico e em transfusões futuras há risco de ocorrer reação hemolítica aguda ou tardia. Nestes casos, é mandatório encontrar concentrado de hemácia fenótipo-compatível com o paciente, o que dificulta e adia o procedimento de transfusão. A resolução dos casos imunohematológicos no HU-UFJF era dependente de uma instituição externa, localizada em outra cidade, o que gerava pelo menos 15 dias para liberação do resultado. Material e métodos: Os pacientes envolvidos neste estudo foram aqueles internados no HU-UFJF com indicação de transfusão de hemocomponentes entre janeiro de 2019 e junho de 2020, dos quais rotineiramente são coletadas amostras de sangue periférico para a execução dos testes pré-transfusionais. A pesquisa e a identificação de anticorpos irregulares foram realizadas por técnicas sorológicas utilizando cartões de coluna em gel de aglutinação e hemácias comerciais (Bio-rad). Resultados: Durante o período estudado, foram realizadas 1.354 transfusões de concentrados de hemácias no HU-UFJF, referentes a 376 pacientes, das quais detectamos uma taxa de aloimunização de 1,92%. Estabelecemos protocolo de investigação imunohematológica para pacientes com pesquisa de anticorpos irregulares positiva utilizando dois painéis (LISS/Coombs e enzimático) de 11 células com uma configuração de antígenos especificamente selecionada para a identificação de anticorpos eritrocitários irregulares. Com a implementação deste protocolo, detectamos durante o período do estudo 12 aloanticorpos com especificidades diferentes e predomínio de anticorpos contra antígenos sistema Rh, Kell e Diego. Em 88,46% dos casos de aloimunização identificados, foi possível a liberação das transfusões em até 24 horas respeitando a especificidade do aloanticorpo. Deste modo, o tempo de liberação das unidades de sangue fenótipo compatível foi reduzido consideravelmente, resultando em melhoria do atendimento e da qualidade de vida dos pacientes, além de redução significativa do tempo de internação e de suspensão de cirurgias eletivas. Ao considerarmos os custos da diária de internação dos pacientes aloimunizados e os gastos com os reagentes comerciais utilizados para o protocolo estabelecido, verificamos uma economia de 81,09% para o hospital. Conclusão: Com a implementação do protocolo proposto, foi possível otimizar o atendimento ao paciente e reduzir o risco de transfusões incompatíveis, além de resultar em um impacto financeiro para o sistema de saúde, com rápida resolução e redução dos custos.
Informação da revista
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 391-392 (novembro 2020)
Vol. 42. Núm. S2.
Páginas 391-392 (novembro 2020)
658
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IMUNO-HEMATOLOGIA E SEGURANÇA TRANSFUSIONAL: O IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DE PROTOCOLOS APLICÁVEIS NA PRÁTICA MÉDICA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
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