Sugestões
Compartilhar
Informação da revista
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
Vol. 47. Núm. S3.
HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo
(Outubro 2025)
ID - 1855
Acesso de texto completo
INCIDÊNCIA DE INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM PACIENTES SUBMETIDOS À TRANSFUSÃO DE HEMOCOMPONENTES E HEMODERIVADOS APÓS TRANSPLANTE HEPÁTICO NO HCFMUSP
Visitas
238
TCPM Pedroa, CHS Almeidaa, T Facincania, A Mendrone-Juniora, VG Rochab, LMS Malbouissonc, C Almeida-Netoa
a Fundação Pró-Sangue, São Paulo, SP, Brasil
b Departamento de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, SP, Brasil
c Departamento de Gastroenterologia e Transplante Hepático, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), São Paulo, SP, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 47. Núm S3

HEMO 2025 / III Simpósio Brasileiro de Citometria de Fluxo

Mais dados
Introdução

A insuficiência renal aguda (IRA) é uma complicação comum no pós-operatório de transplante hepático e se associa a aumento da morbimortalidade e prolongamento do tempo de hospitalização. Diversos fatores contribuem para o desenvolvimento de IRA nesse contexto, incluindo instabilidade hemodinâmica, uso de imunossupressores nefrotóxicos e transfusões de hemocomponentes e hemoderivados. Evidências sugerem que a exposição a produtos sanguíneos pode desencadear respostas inflamatórias e imunológicas que agravam a função renal.

Objetivos

Avaliar a correlação entre utilização dos diferentes hemocomponentes e hemoderivados e a ocorrência de IRA nos primeiros sete dias após o transplante hepático em nosso serviço.

Material e métodos

Estudo clínico observacional, tipo coorte retrospectivo, que avaliou 622 transplantes hepáticos consecutivos realizados no HCFMUSP, no período de 1° de janeiro 2020 a 31 de dezembro de 2023. As transfusões foram avaliadas desde o período perioperatório até o 28° dia pós-transplante. IRA foi definida pelo critério KDIGO adaptado, subtraído o critério diurese, considerando a dificuldade de interpretar o real significado deste dado no pós-operatório e em pacientes cirróticos.

Resultados

Dos 573 pacientes incluídos no estudo, mais de dois terços (78,7%) apresentaram alguma alteração da creatinina e foi classificado com IRA nos sete primeiros dias de pós-operatório. O número de transfusões teve impacto estatisticamente significante na ocorrência de IRA (p < 0.001). Pacientes que desenvolveram IRA apresentaram maior número de transfusões (88,2% vs. 66,7%) e receberam quantidades significativamente maiores de concentrados de hemácias (CH) (5 und. [2-9] vs. 2 und. [0-4], p < 0.001), além de outros componentes sanguíneos como plasma fresco congelado (PFC), concentrados de plaquetas (CP) e concentrado de fibrinogênio (CF) (p < 0.001). Não houve associação de IRA com o uso de crioprecipitado (CRIO) e Concentrado de Complexo Protrombínico (CCP). Dos 451 pacientes que apresentaram IRA, 173 (38,3%) realizaram terapia de substituição renal (TSR) e 41 (23,7%) já estavam em tratamento dialítico antes do transplante, o tempo médio de TSR entre os pacientes dialíticos foi de 12,6 ±14,8 dias, variando de 0,04 (01h06min) a 63,5 dias. As transfusões de hemocomponentes e hemoderivados tiveram impacto estatisticamente significante na necessidade de TSR (p < 0.001) comparada aos pacientes não transfundidos.

Discussão e conclusão

A maior exposição à CH, PFC, CP e CF entre os pacientes que desenvolveram IRA sugere uma possível associação entre transfusão e disfunção renal no pós- operatório. No entanto, não se pode descartar a presença de viés de indicação, uma vez que pacientes com maior sangramento intra e pós-operatório – e consequentemente, maior gravidade – podem ter recebido múltiplos hemocomponentes e hemoderivados, contribuindo para esse desfecho. Esses resultados podem refletir tanto a condição clínica mais crítica desses pacientes quanto os efeitos adversos da transfusão, incluindo ativação da cascata inflamatória, sobrecarga volêmica e lesão endotelial. As transfusões sanguíneas em pacientes submetidos a transplante hepático estão significativamente associadas a uma maior incidência de IRA e à maior necessidade de TSR. Esses achados destacam a relevância da adoção de estratégias transfusionais mais restritivas, criteriosas e individualizadas, visando à preservação da função renal e à melhoria dos desfechos clínicos nesses pacientes.

O texto completo está disponível em PDF
Baixar PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas