
Investigar os anticorpos irregulares mais prevalentes em pacientes atendidos no Grupo GSH em Teresina no período de 2019 a 2021.
Material e métodosTrata-se de um estudo observacional retrospectivo realizado pela coleta de informações dos arquivos das Agências Transfusionais do Grupo GSH em Teresina, durante o período de janeiro/2019 a dezembro/2021.
ResultadosNeste período foram contabilizados 59 pacientes com o resultado positivo na Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI), sendo 40 mulheres e 19 homens. Dentre os pacientes com PAI positivo, foram detectados 19 anticorpos diferentes. Alguns pacientes apresentaram mais de um anticorpo identificado na pesquisa. Os anticorpos mais prevalentes foram Anti-D (n = 15), Anti-E (n = 9), Anti-Dia (n = 8), Anti-Kell (n = 7), Anti-S (n = 4), seguidos de Anti-C (n = 3), Anti-c (n = 3), Anti-M (n = 3), Anti-Fya (n = 2), Anti-Jka (n = 2), Anti-Lea (n = 2), Anti-e (n = 2), enquanto os demais anticorpos foram identificados somente uma vez, sendo eles Anti-Lex, Anti-Leb, Anti-Cw. Foram identificados 4 autoanticorpos. A identificação dos anticorpos não foi possível para 2 dos pacientes devido a reação positiva nos ensaios de autocontrole e/ou Coombs direto, situações que dificultam a identificação de AI.
DiscussãoAloimunização eritrocitária é a formação de anticorpos irregulares no organismo do receptor após a exposição a antígenos não próprios decorrentes de transfusão sanguínea, gestação, aborto ou origem imune. Os anticorpos contra o sistema RH são os mais observados devido a maior imunogenicidade dos antígenos desse sistema. Os anticorpos mais prevalentes neste estudo também pertenciam ao sistema Rh e possuem imunogenicidade e capacidade de formação de anticorpos de maneira rápida e com relevância clínica. Além do grupo Rh, os antígenos dos sistemas Kell (antígeno K), Kidd (antígenos Jk e Jk), Duffy (antígenos Fy e Fy) e MNS (antígenos S e s) também são capazes de induzir a produção de anticorpos irregulares, da classe IgG. Esses anticorpos possuem alta importância transfusional, por serem capazes de causar reações hemolíticas graves nos pacientes. Além desses antígenos mais imunogênicos, também foram encontrados anticorpos contra os antígenos dos sistemas Diego e Lewis. Houve um número maior de PAI positivo no sexo feminino do que no masculino. Essa alta taxa de aloimunização em mulheres pode ser decorrente de fatores gestacionais e politransfusões. Além disso, nas agências alvo do estudo, são atendidos pacientes politransfundidos o que aumenta a exposição a diversos antígenos não próprios.
ConclusãoEste estudo investigou os anticorpos irregulares mais prevalentes na população alvo do trabalho e comprovou a importância da pesquisa e identificação de anticorpos irregulares na prática da transfusão segura, implicando diretamente na prevenção de reações transfusionais e novas sensibilizações de pacientes já imunizados.