A identificação dos anticorpos irregulares na prática transfusional é de suma importância, uma vez que poderá minimizar possíveis reações transfusionais e aloimunizações. Aloimunização eritrocitária é a formação de anticorpos irregulares no organismo do paciente, decorrentes à sensibilização em transfusão de sangue, gestações prévias e abortos espontâneos. Sua ocorrência está condicionada diferentes fatores, tais como: idade, sexo do paciente, diferenças antigênicas entre paciente e doador, doenças de base e, principalmente, a frequência de transfusões ou falha na imunoprofilaxia Rh. Dentre os anticorpos irregulares, os dirigidos contra antígenos dos sistemas Rh, Kell, Duffy e Kidd possuem grande importância clínica, por reagirem a 37°C e serem passíveis de hemólise nos pacientes. Diante do impacto que estes anticorpos podem causar no processo transfusional, assim como nas manifestações clínicas da Doença Hemolítica do Recém- Nascido (DHRN), a identificação das especificidades dos anticorpos irregulares é etapa fundamental para uma seleção segura de hemácias compatíveis e/ou prevenção de reações hemolíticas na DHRN.

Investigar os anticorpos irregulares, clinicamente significantes; mais prevalentes em pacientes atendidos na Agência Transfusional do Hospital das Clínicas da UFPE no período de janeiro de 2024 a junho de 2025.

Foi realizado um estudo observacional retrospectivo, através da coleta de informações dos arquivos de resultados de identificação de anticorpos irregulares, do Laboratório de Imuno-Hematologia da Agência Transfusional do Hospital das Clínicas da UFPE durante o período de janeiro de 2024 a junho de 2025.

Neste período 100 pacientes apresentaram pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) positivas. Foram identificados 16 anticorpos diferentes. Alguns pacientes apresentaram mais de um anticorpo identificado. Os anticorpos de significado clínico mais prevalentes foram Anti-E (n = 24), Anti-K (n = 11), Anti-D (n = 10), Anti-C (n = 5). Anti Jk(a) (n = 3), Anti Jk(b) (n = 3), Anti-c (n = 2), Anti-e (n = 1) Anti Di(a) (n = 2).

Os anticorpos contra o sistema Rh são os mais observados devido a maior imunogenicidade dos antígenos deste sistema. Além do grupo Rh, os antígenos do sistema Kell, Kidd são mais prevalentes e possuem também a característica de provocar resposta imune e capacidade de formação de anticorpos de maneira rápida e com relevância clínica. Os dados obtidos refletem, de uma forma geral, um reflexo da visão observada em outros centros de referência, em que o perfil de distribuição de anticorpos irregulares apresenta com maior frequência, anticorpos Anti-D, Anti-E, Anti-K, sendo pertencentes de grupos fortemente imunogênicos, seguidos de Anti-C, e Anti-Di(a). A correta identificação de anticorpos irregulares é imprescindível para garantia da segurança transfusional, no manejo de testes fenotípicos e de compatibilidade pré-transfusionais, e na qualidade do serviço. Este estudo observou os anticorpos de significado clínicos mais prevalentes nos pacientes atendidos no período. Os antígenos D, C, E do sistema Rh e K do sistema Kell foram mais frequentes na identificação. É importante a pesquisa e identificação de anticorpos na prática da transfusão segura.

Frequência de anticorpos irregulares em pacientes atendidos pelos laboratórios de referência em imuno-hematologia no nordeste do Brasil; CG Andrade, EP Araujo, Valvasori M, LFF Dalmazzo, SD Vieira; Hematology, Transfusion and Cell Therapy Volume 44, Supplement 2, October 2022, Page S475.