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Vol. 46. Núm. S4.
HEMO 2024
Páginas S223 (outubro 2024)
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HODGKIN REFRATÁRIO COM INFECÇÕES FÚNGICA, BACTERIANA E VIRAL: RELATO DE CASO
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319
TR Evangelista, LGF Lima, ASA Silva, JO Vieira, MFH Costa, MP César, HC Moura, MC Araujo, AQMS Aroucha, MCDM Cahu
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), Recife, PE, Brasil
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Vol. 46. Núm S4

HEMO 2024

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Introdução

Linfoma de Hodgkin (LH) é uma neoplasia linfoide caracterizada pela proliferação de células neoplásicas, as células de Reed-Sternberg (RS), imersas em um substrato de aspecto inflamatório. O diagnóstico é estabelecido pela biópsia e imunohistoquímica (IHQ) e o tratamento com quimioterapia (QT), associado ou não à radioterapia e nos casos refratários, transplante de medula óssea. Reativação de citomegalovirus é mais comum em pacientes com linfoma submetidos a transplante de medula óssea.

Relato

Mulher, 58 a, com lombalgia e sintomas B, evidenciada lesão osteoblástica com componente lítico em L1, sinais de fratura, aumento de partes moles ao redor desta vértebra e do volume do músculo psoas esquerdo, sendo sugerido lesão secundária ou processo infeccioso/inflamatório. Em biópsia de L1 foi evidenciado morfologia e IHQ compatíveis com LH clássico, subtipo celularidade mista. Em tomografias foi visualizado nódulos pulmonares com distribuição bilateral e difusa, linfonodomegalias mediastinais e retroperitoneais. Foi iniciado tratamento com o protocolo ABVD 6 ciclos, seguido de PET-TC, com Deauville 5. Nova biópsia, guiada por radio-intervenção, evidenciou LH clássico e optado por protocolo ICE de resgate com PET-TC no D21C3, Deauville 5. Nesse contexto, a paciente compareceu ao serviço de urgência no D38 apresentando febre, tosse seca, dor ventilatório dependente, além de dores em epigástrio e em fossa ilíaca direita, leucocitose à custa de segmentados e PCR elevado. A TC de tórax da admissão mostrou surgimento de opacidades em vidro fosco inespecíficas, de aspecto inflamatório e redução dos múltiplos nódulos pulmonares. Após COVID-19 negativo e tratamento com meropenem, amicacina, polimixina B, vancomicina e anfotericina B, febre diária com tosse seca e dor ventilatório dependente. Por dificuldade em realizar precoce a broncoscopia e possibilidade de febre neoplásica, decidiu-se iniciar protocolo GVD. Em D4 deste, a broncoscopia demonstrou duas lesões sugestivas de aspergilose na traquéia, sendo iniciado voriconazol com 14 dias de anfotericina B. Em cultura do lavado broncoalveolar (LBA) houve o crescimento de klebisiella pneumoniae sensível à piperacilina-tazobactam. A paciente manteve-se afebril após o início deste antibiótico. Em PCR qualitativo do LBA foi detectado citomegalovírus, sendo iniciado ganciclovir, conforme orientação da CCIH.

Discussão

Os estudos mostram que o LH é refratário à terapia inicial em 10-15% dos casos. QT de resgate (ICE, GVD e DHAP) pode atingir resposta completa em mais de 50% destes. A neutropenia é efeito colateral conhecido do protocolo ICE, porém no caso relatado a paciente não apresentava neutropenia. Em pacientes com linfoma, cuja febre persiste, sem resolução com antibióticos, deve-se ter o alerta para infecções fúngicas e virais pulmonares.

Conclusão

Trata-se de um raro caso de infecção invasiva e simultânea por bactéria, fungo e vírus após o período de neutropenia secundário à QT. Desse modo, deve-se demandar especial atenção à infecção por agentes atípicos em pacientes com linfoma.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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